Ooi, gente, aqui é a Mell! Trouxe mais um capítulo de O destino dos Obstinados para vocês!

Espero que gostem, boa leitura :3


— Fico feliz por estarem aqui, mesmo que comigo os convidando para jantar de forma tão repentina — disse Rùn Yù assim que todos se sentaram à mesa — Chamei vocês aqui para deixá-los a par de minhas intenções. — Tàiwēi e Túyáo arquearam uma de suas sobrancelhas, uma clara demonstração de seu interesse e sua curiosidade acerca do que o primeiro Príncipe pretendia — Jǐn Mì, te agradeço por ter recebido eles, mas gostaria de ter uma conversa com a minha família… — Ele não prosseguiu com a frase, mas Jǐn Mì entendeu aonde ele queria chegar e, após uma reverência singela, ela pediu licença e se retirou.

Seu trabalho já havia sido feito, e ela não estava com fome, então deixou o salão de jantar sem olhar para trás.

Alguns minutos após a saída de sua serva, Rùn Yù voltou a falar com uma postura menos tensa.

— Acredito que Jǐn Mì seja filha de Luòlín e Zǐfēn, a falecida Divindade das Flores.

— O que te faz pensar isso, Rùn Yù? — Tàiwēi questionou, não sabendo como reagir a tal possibilidade.

— Quando estou perto de um dos dois eu sinto… que ambos estão interligados de alguma forma. Acredito que sejam meus instintos de dragão tentando me dizer algo — foram por poucos segundos, mas o olhar de Rùn Yù encontrou o de Xù Fèng, e isso deixou o segundo Príncipe intrigado. O assunto era Luòlín e Jǐn Mì, mas por que Rùn Yù olhou para ele com um olhar tão… incriminador? Mas apenas ele parecia ter percebido isso. Túyáo e Tàiwēi ainda estavam processando o que ouviram e não se atentaram ao que houve entre os dois irmãos.

— Creio que será necessário continuarmos esta conversa com o próprio Luòlín presente — comentou Túyáo, inquieta. Tanto ela quanto o Imperador Celestial temiam a reação da esposa da Divindade da Água, afinal, era possível que Jǐn Mì fosse fruto de uma relação extraconjugal entre Zǐfēn e Luòlín. Sabe-se lá como reagirá a Divindade do Vento quando receber essa informação.

— Mudando um pouco de assunto, acredito que você não nos chamou só para isso, certo? — perguntou Tàiwēi, tentando não ficar ansioso e acabar se preocupando inutilmente com seu amigo de infância.

— Correto — o primeiro Príncipe respirou fundo antes de prosseguir — Estou pensando em pedir a mão de Jǐn Mì em casamento caso seu parentesco com Luòlín seja confirmado.

Sua confissão pegou os três de surpresa. Porém, um pequeno detalhe, cuidadosamente escondido nas entrelinhas, chamou a atenção de Xù Fèng.

— Você só pretende se casar com ela caso ela seja mesmo filho de Luòlín? E se ela não o for? O que você fará? — indagou o segundo Príncipe, tentando não se precipitar ao tirar suas próprias conclusões.

— Se ela for mesmo a órfã que pensávamos que era até alguns meses atrás, então não tenho interesse em me envolver com ela.

— Por quê? — o Imperador Celestial não conseguiu reprimir sua curiosidade.

— Ela não tem nada para me oferecer ou oferecer ao Reino Celestial se não tiver nada a ver com uma das Divindades mais influentes de nosso reino.

A sinceridade e frieza de Rùn Yù incomodaram profundamente Xù Fèng, que ficou tão alterado a ponto de não perceber que o Primeiro Príncipe estava analisando suas reações de forma cautelosa.

O belo sorriso que Jǐn Mì deu durante a conversa deles no Reino Floral apareceu na mente de Xù Fèng. Ele se pegou odiando a hipótese de perder aquela que deveria ser sua destinada para alguém tão frívolo e interesseiro quanto Rùn Yù.

Contudo, mais do que odiar seu irmão, o segundo Príncipe estava odiando a si mesmo, pois em sua breve conversa com Yuè Lǎo, ele também havia demonstrado certa relutância em casar-se com alguém que não tinha nada a lhe oferecer em troca.

Se pudesse, Xù Fèng socaria a si mesmo por ser tão hipócrita e estúpido.

Ele julgou Jǐn Mì como alguém sem valor antes mesmo de conhecê-la e, agora que tinha conhecimento de sua pureza, bondade e capacidade de perdoar sem criar mais complicações, não queria que ela se envolvesse com alguém como Rùn Yù.

Mas o que ele poderia fazer?

Ou melhor, que direito tinha Xù Fèng de tentar escolher com quem Jǐn Mì deveria ou não se relacionar?

Ele a havia rejeitado e desprezado injustamente desde o início, então se agora aquela bela jovem corria o risco de ficar presa à Rùn Yù por toda a eternidade, a culpa não de mais ninguém além do próprio Xù Fèng.

— Casar-se com a filha de Luòlín poderia fortalecer ainda mais nossa aliança com o País da Água. Estou orgulhosa de você, Rùn Yù. Vejo que pude lhe educar bem apesar de não ser sua mãe biológica — o sorriso perverso de Túyáo fez com que Xù Fèng ficasse enojado com a própria mãe.

Era de conhecimento geral que o casamento de Túyáo e Tàiwēi foi apenas uma jogada para fortalecer o Reino Celestial, já que ela era a líder da tão prestigiada Tribo da Ave na atura. Agora, a atual líder era Suì Hé, que estava comprometida com Xù Fèng. A diferença é que o segundo Príncipe realmente nutria sentimentos amorosos por ela, e, até onde ele sabia, esse amor era recíproco.

E bom, se Jǐn Mì fosse filha da Divindade da Água e se casasse com Rùn Yù, a impecável reputação do Reino Celestial se tornaria mais sólida do que já era atualmente.

— Estamos orgulhosos de você, Rùn Yù. Me deixa aliviado saber um dos herdeiros do trono se preocupa tanto com nosso reino.

Rùn Yù sorriu e fez uma breve reverência com a cabeça com sinal de sua gratidão.

— Você já contou suas intenções para Jǐn Mì? — perguntou Xù Fèng, procurando esconder sua indignação.

— Preciso confirmar essa ligação entre ela e Luòlín antes de comentar algo. Seria insensível da minha parte dar oferecer a oportunidade dar uma vida melhor para alguém que não tem nada e depois tirá-la sem me preocupar em destruir suas esperanças.

Céus, como Rùn Yù o irritou com aquele discurso hipócrita. Quase tão hipócrita quanto o próprio Xù Fèng estava sendo agora. Aquela piedade era falsa, ele não estava preocupado com o que aconteceria com Jǐn Mì, estava preocupado era com a sua própria reputação caso isso chegasse a público. Mancharia a imagem empática e bondosa que ele tanto lutou para criar.

— Muito bem, então vamos marcar uma reunião com Luòlín e dependendo do resultado da conversa que teremos nela, apoiarei ansiosamente seu casamento com Jǐn Mì — proferiu Tàiwēi após todos terminarem sua refeição e desfrutarem da sobremesa.

— De acordo — disse Rùn Yù, com um sorriso curto.

O segundo Príncipe fez questão de acompanhar os pais e seu irmão mais novo até a saída. Após uma despedida breve, as portas de seu palácio se fecharam, e ele não pôde conter o sorriso satisfeito.

E enquanto o irmão mais velho sorria, o mais novo lamentava suas escolhas em silêncio enquanto caminha até seus aposentos. Ele sabia que não deveria se meter entre Jǐn Mì e Rùn Yù, mas sentia a necessidade de fazer a bela jovem ser consciente da verdadeira natureza do primeiro Príncipe, antes que fosse tarde demais.