Olá, queridos leitores. Como estão? Estamos há pouco mais de uma semana para o fim do mês de setembro. O tempo voa, não? Logo, logo o Natal chega, para a alegria de muitas pessoas (inclusive eu). Mas, enquanto o fim do ano não chega, vamos continuar caminhando pela longa estrada da vida. Como eu gostei muito dos curtas de Pokémon (que eu não havia assistido até pouco tempo atrás, diga-se), essa semana vamos falar novamente sobre um dos episódios da série Pokétoons. Semana passada, falamos de Socorro! Me Transformei em um Gengar! e a importância de nos expressarmos. Hoje, vamos falar um pouco sobre um curta que vai, de certa forma, na direção oposta: neste episódio, ninguém fala! E nem por isso a história é ruim. Curioso? Então bora para nosso texto da semana.

Breve história do cinema mudo

Antes de falarmos do episódio Espere por Mim, Magikarp!, vamos relembrar um pouco dos primórdios das produções audiovisuais e o fato dos filmes serem, durante as primeiras três décadas, mudos.

Criada no fim do século XIX, a projeção de imagens passou as primeiras décadas do século XX se estruturando e buscando conseguir suas próprias características. Uma coisa, porém, se mostrava permanente: a ausência de som. Na verdade, assistir um filme nas primeiras décadas do século passado não era uma experiência totalmente desprovida de sonoridade, uma vez que havia a execução de música ao vivo (geralmente um órgão) para acompanhar o filme. Filmes com sons “nativos”, porém, só começaram a serem produzidos em 1927. O pioneiro na área foi o filme americano O Cantor de Jazz, exibido em Nova York em outubro de 1927. De lá para cá, filmes mudos foram se tornando cada vez mais uma exceção, ao ponto de que, hoje, um filme mudo só é criado se os produtores quiserem colocar uma pegada especial e “diferentona” nele. O que antes foi regra hoje é requinte.

Uma curiosidade é que, no Japão, os filmes da “era muda” do cinema também tinham o acompanhamento de música ao vivo (com a diferença de que, na Terra do Sol Nascente, havia músicas feitas com instrumentos típicos das peças kabuki em vez de órgãos), mas com um acréscimo: os chamados benshi, artistas que, basicamente, ficavam ao lado da tela do cinema e narravam o filme ao vivo para os espectadores.

Voltando para o Magikarp

Agora vamos entrar no nosso tema de hoje (cuidado com o spoiler, ok?). Espere por Mim, Magikarp! é um curta-metragem que mostra, em suma, a relação de amizade entre um menino e um adorável Magikarp. O garoto “pesca” o Magikarp em um rio e o leva para casa, mas seus pais não permitem que o Pokémon permaneça. Com isso, o azarado garoto não tem escolha senão deixar seu amigo peixe em uma espécie de “orfanato Pokémon”. A solidão de Magikarp, representada em alguns momentos pela imagem do pobre Pokémon nadando sozinho no laguinho do orfanato em que foi deixado, é mais do que física ou espacial: é uma solidão emocional, provocada pela ausência de seu amigo. E com certeza essa solidão e essa saudade são recíprocas.

No fim, tudo dá certo, e o menino volta para seu amigo, que acaba evoluindo para um Gyarados. Pode parecer estranha essa evolução repentina dado o fato de que um Magikarp só evolui para Gyarados no nível 20, mas, se pararmos para pensar que, ao lado de sua evolução e de Regigigas, o Magikarp é o único Pokémon que pode ser encontrado no nível 100 na natureza, as coisas se tornam mais plausíveis (ou não).

De qualquer forma, este não é um daqueles curtas-metragens com uma história brilhante, mas mostra como uma produção sem diálogos ainda pode ser competente em sua execução e transmitir determinados sentimentos ao espectador. Nós sentimos pena da dupla quando eles são separados e ficamos felizes quando se reencontram no final, e tudo isso sem que abram a boca… Ok, o Magikarp literalmente não fecha a boca nem por um minuto, mas acho que vocês entenderam o que eu quis dizer.

Magikarp, o Pokémon mais injustiçado e incompreendido de todos.

Por hoje é só, pessoal. Espero que tenham gostado do texto de hoje, centrado naquele que, segundo a Pokédex oficial, é o Pokémon “mais fraco e patético” de todos (tadinho). Nos vemos na próxima semana nesta mesma coluna e nesta mesma rádio, que é do seu jeito, do seu gosto. Bye bye.