Olá, queridos terráqueos! Há quanto tempo, não?

Novo ano, novas notícias, novas surpresas e novos artigos polêmicos da tia Wichita.

Aconteceu muita coisa nos últimos meses que eu quero pôr em dia com vocês, mas na última semana aconteceu algo muito legal. Bem, eu pelo menos achei o máximo.

Antes de tudo, eu vou pedir para vocês repetirem três vezes esse mantra aqui comigo: “O meu gosto não define se algo é bom ou ruim. Não é porque eu não gosto de algo que instantaneamente isso se torna algo ruim.” Tá bom? Então tá bom.

Tudo começou quando o Kai do EXO estava jogando FIFA numa transmissão do programa SM Super Idol League e comemorou fazendo a mesma dança do Neymar, que são os passos da música Tá Tranquilo, Tá Favorável, do MC Bin Laden.

Um remix do vídeo feito por um fã viralizou no Twitter e chegou até o MC, que compartilhou em seu perfil do Twitter e do Instagram. Em seguida, a pedido das EXO-L (fãs do EXO), Bin Laden postou um vídeo ouvindo Mmmh o solo de estreia do Kai.

Em um vídeo, ele conta que foi pesquisar para saber quem era. Logo após, começou a conversar com os fãs e, então, foi ouvir uma música e acabou ouvindo o álbum inteiro.

O funkeiro deu um show de humildade e mostrou o quão mente aberta é falando sobre sair da bolha, conhecer e aprender — inclusive aprender sobre a cultura dos artistas. Coisa que todos nós deveríamos fazer antes de só dizer “é ruim” e “não gosto”, definindo todo um gênero – ou suas raízes – em meia dúzia de músicas.

Ele recebeu comentários negativos dos próprios seguidores, mas reforçou a ideia de sair da bolha e disse que não tem problema nenhum em ouvir os dois gêneros (ou outros, não é mesmo, galerinha “roque wins”?).


Já a turminha do barulho do k-pop deu todo o apoio, dizendo que sentiam muito pelos comentários negativos que ele estava recebendo e reforçaram a importância do feito para ajudar com a quebra do preconceito musical.

O preconceito musical

Tanto o k-pop quanto o funk são dois gêneros que sofrem muito preconceito musical. Óbvio que são parâmetros que nem se comparam, o k-pop sofre preconceito enquanto o funk sofre discriminação. Mas eu não estou aqui para fazer uma “crítica social ‘foderosa’ uau lacrei”, apenas dar uma base para vocês sobre a discussão acerca do assunto.

Eu cheguei no k-pop em 2012 e por uns bons anos nunca tive problema nenhum em dizer que ouvia k-pop, a maioria nem sabia o que era. A rejeição nitidamente começou depois que o gênero se tornou popular. Porque, desde que o mundo é mundo, ou melhor dizendo, desde que a sociedade moderna é a sociedade moderna, sempre foi modinha “odiar modinhas”, e a velha decrépita aqui presenciou isso no Orkut, no Tumblr e nos primórdios do Facebook e do Twitter.

K-pop é coisa de retardado”, “é tudo a mesma coisa”, “não tem essência”, “cantam qualquer m**** e sensualizam no palco” — outros inúmeros exemplos também acontecem na indústria americana, mas todo mundo finge que não vê — e os mesmos argumentos são usados para o funk.

Eu vou deixar aqui esse tuíte do Paulo Coelho pedindo para você dar uma chance. Mas você pode dizer para o John Cena que k-pop é coisa de retardado. Sim, o John Cena.

Mas, se mesmo assim não te agradar — mesmo tendo uma gama de estilos e conceitos diferentes dentro do k-pop em si —, a tia aqui promete que neste ano vai trazer playlists e matérias para mostrar para vocês os diferentes lados, tons e vibrações do k-pop.

As produções pesadíssimas, elaboradas nas músicas e MVs, os quais muitos deles trazem referências históricas, artísticas e filosóficas, também criam suas próprias teias de teorias: com as apresentações, figurinos e os álbuns que são muito mais do que só um encarte e um CD; ou seja, ídolos multitalentosos.

E eu sei, sei que existe um lado “obscuro” dessa indústria, nunca neguei nem pretendo ocultar ela também. Ainda assim, não estou te pedindo para virar “um capopero”. Mas eu posso garantir pra você que esses são julgamentos superficiais.

Já a discriminação com o funk — aproveitando que eu estou fazendo um paralelo aqui —, a maioria dos argumentos é sobre as letras. Eu não tenho muita propriedade para falar, porque não é a minha realidade. E eis o ponto: funk é um gênero que fala sobre a realidade da periferia.

O gênero tenta, com algumas letras, mostrar essa realidade para a sociedade, depende de nós darmos ouvidos ou não. Ademais, também usa a música para levar formas de conscientização até lugares da periferia os quais a sociedade não consegue alcançar, como, por exemplo, a conscientização sobre a vacina.

Tal conscientização veio através da nova versão do Bum Bum Tam Tam, que ajudou no alcance de informação sobre a vacina com uma linguagem mais abrangente.

Parafraseando uma entrevista que a Anitta fez em Harvard: o funkeiro canta sobre o que ele presencia. Ele abre a janela e canta sobre o que ele vê. Afinal, ele não pode cantar sobre barcos de luxo em Ipanema, porque essa não é sua realidade. Portanto, assim como o funk tem uma gama de conceitos, o Funk não é só o “proibidão”; todavia, ninguém quer saber disso, nós só queremos segregar.

“Wichita, então você é funkeira?” Olha, não vou ser hipócrita, apesar de eu ter gostos musicais duvidosos e uma playlist muito confusa, este não é um gênero cuja harmonia musical agrade meus ouvidos. Aqui, eu vos entrego meu guilty pleasure que são os funks de paródia/memes virais, mas eu respeito muito a cultura e o peso que o gênero carrega.

Eu já fui uma pessoa muito preconceituosa, uma aborrecente babaquinha que achava que, para gostar de rock, eu só podia ouvir rock. Hoje, cada vez mais perto dos 30, eu vejo o quanto isso é besteira.

E, meus queridos, esse preconceito com o funk é tão 2013, que no “século 2021” a Dona Netflix está lançando desafio com o funk das Winx. E se você não gosta nem do “funk das Winx” sua alma morreu há muito tempo; F.

Eu vou deixar abaixo o vídeo do MC Bin Laden dando a opinião dele sobre o k-pop e um discurso ótimo sobre preconceito, respeitar culturas e “abrir a mente” para novos estilos: conhecer e aprender. Assistam com o coraçãozinho, okay?

Inspiração

Além da opinião dele sobre funk, também tem, no momento, dois vídeos dele reagindo ao Stray Kids e ao Kai. Neste último, inclusive, ele questiona o por que só o Chris Brown é aclamado pela dança e o Kai não — isso mesmo, chega de dominação americana! hahaha —, dizendo que, para eles, que são funkeiros, esse tipo de informação não chega.

Também falou dos bailarinos e das produções, e que houve artistas que falaram do primeiro react, comentando que as apresentações do k-pop em si estão muito avançadas. Completou dizendo que é inspiração para melhorar o trabalho deles em relação as músicas, clipes e “tudo mais”.

Vale super a pena ver os reacts”, pois, para mim, foi um megaintercâmbio cultural.

Já dizia NCT:
“Let me introduce you to some
new thangs, new thangs (AYÔ), new thangs (woah)”