J-Hero, você abriu… e nós viemos.

Escrito por Masaaki Nakayama em julho de 2010, o mangá Kōishō Radio (PTSD Radio em seu lançamento americano) teve um hiato não oficial em 2018 e sem explicações voltou a ganhar destaque em vários canais de comunicação no final de 2022.

Se você é um verdadeiro fã de horror e terror, sabe muito bem que algumas produções do gênero, sejam filmes, livros ou animes, algumas vezes passam por situações ditas como sobrenatural ou no mínimo estranhas.

Em 2018, Maasaki, autor de PTSD Radio, decidiu deixar sua obra na gaveta após passar por alguns problemas em sua vida. O mangaká não chegou a fazer um anúncio oficial sobre o assunto, mas alguns leitores consideram a obra finalizada no volume 6, afinal não houve nenhuma palavra sobre o mangá desde então.

Última página do volume 6 de PTSD Radio.

Mas o que será que podemos encontrar neste maldito mangá?

Primeiramente, precisamos considerar toda a arte da obra. Nakayama é um excelente desenhista que traz profundidade e veracidade para todos seus personagens e cenários (destaque primoroso para seu uso de sombras). Isto por si só passa a sensação de proximidade para as histórias, e aliados a isso temos “vários” roteiros perturbadores.

As sombras e decisões de quadro são ímpares e já valem a leitura.

De acordo com o autor, o mangá é baseado em histórias reais vividas ou conhecidas por ele. Se tratando de uma antologia de contos assustadores em torno de uma cidade amaldiçoada por uma antiga entidade conhecida como Ogushi-sama.

Inicialmente, as histórias parecem aleatórias e desconexas (o que pode afastar a maioria dos leitores), mas no decorrer das páginas tudo começa a fazer sentido. Todo início de capítulo apresenta frequências de rádio que acompanham o rodapé; estas, por sua vez, representam um tempo específico dentro da trama que não é linear. Assim, as histórias “entram” e “saem” da frequência do rádio e consequentemente das vistas do leitor que tenta acompanhar a história.

Segura que lá vem um spoiler!

Em resumo, acompanhamos uma cidade japonesa que foi amaldiçoada após a Segunda Grande Guerra, quando um soldado profanou as tradições do local ao fingir trazer os cabelos de um morador para oferecer a Ogushi, mas trouxe no lugar vários fios de pessoas diferentes e vivas. Além disso, sua estátua de adoração é quebrada e abandonada. Desde então, diversas coisas horríveis acometem os moradores da cidade, e tudo está ligado com o ritual e a presença de Ogushi por toda parte.

Não tenha medo, venha entender por que é tão assustador.

E o autor? O que aconteceu? Como ele está?

Atualmente o mangaká permanece publicando sua série de terror mais antiga chamada Fuan no Tane. No entanto, não há previsão para retomada de PTSD nem notícias posteriores ao abandono da série.

Sobre seus problemas durante a publicação, nos volumes 5 e 6 foram inclusos extras explicando a inspiração do autor e consequentemente o que se passava em sua vida. Em uma de suas histórias, Nakayama relata ter alugado um escritório oito anos antes de escrever o volume 5.

Um dia, ele ouviu estranhos arranhões vindos do teto e do sótão. Ao verificar o local, descobriu um santuário quebrado, mas não deu atenção. Tempo depois, coisas estranhas passaram a acontecer. Além dos arranhões no teto, luzes se apagavam inesperadamente, e um estranho cheiro de esgoto entrava pela frente do prédio.

Quando finalmente mudou-se deste lugar, o autor desenvolveu um hematoma ao redor da boca e logo depois foi diagnosticado com púrpura trombocitopênica logo após ter desenhado uma cena semelhante em suas páginas, sendo forçado a permanecer internado por alguns meses no hospital.

Seja o mangaká ou sua equipe, todos ao redor da publicação relatam ter passado por situações estranhas, como sombras se esgueirando ao redor do escritório ou corvos que insistiam em espreitar pelas janelas e fachadas.

Isto inclui o colunista que vos escreve. Após concluir a leitura do mangá, tive vários pesadelos relacionados aos seres retratados nas páginas, além de ainda perceber pequenos vultos nos cantos do olhos. Nada com o que me preocupar, é claro.

Assim como Nakayama teve um lado de seu rosto inchado seguida de hipotermia enquanto escrevia uma de suas ideias, confesso que me sinto mal ao escrever este texto. Porém, convido a todos a ler e experimentar a estranheza dos desenhos, história e clima de PTSD Radio. Infelizmente, só é possível encontrar a versão física em inglês, mas também podemos encontrar a versão traduzida on-line.


E vocês? Já haviam lido PTSD ou ouviram falar da obra recentemente? Se arrisca a se envolver com uma obra tão sombria?