J-Hero, você abriu… e nós viemos.

Desenvolvido pela então desconhecida FromSoftware e lançado em meados de 2004 para o PlayStation 2, Kuon é uma verdadeira relíquia entre os jogos poucos conhecidos pelo público. Baseado em histórias de terror japonês e populares no período antigo, o jogo se passa em uma velha mansão assombrada na Quioto do período Heian.

Apesar de este cenário ser amplamente explorado em jogos do gênero (mansão, fantasmas, exorcistas etc.), Kuon adiciona algumas mudanças à formula usual, trazendo o clima para o passado e colocando os jogadores contra criaturas humanoides que infestam a mansão. Há muitos momentos bem construídos de terror sutil, mas há também muito sangue e cenas impactantes.

Nada como ficar com a musiquinha na cabeça antes de dormir.

Enredo simples, mas efetivo

Dividido em três fases, o jogo é relativamente pequeno comparado com os atuais, levando aproximadamente 11 horas para ser completamente explorado e finalizado. Nestas fases, jogamos com protagonistas diferentes, entre eles: Utsuki, que busca seu pai Doman; e Sakuya, uma sacerdotisa discípula de Doman. Após terminar as duas fases iniciais, é possível jogar com Abe no Seimei, uma mestra exorcista que dá nome ao jogo e irá exterminar a ameaça de uma vez por todas.

Ambas as garotas chegam praticamente juntas à mansão, mas em locais diferentes, e assim exploram ambientes e desafios também diferentes. Misteriosamente, todos os residentes da mansão desapareceram e claramente algo muito estranho está acontecendo ali. Conforme avançam dentro das dependências do local, o jogador descobre os mistérios ali escondidos (sem spoilers), além de conhecer as gêmeas Mulberry, duas criancinhas macabras que assombram as protagonistas constantemente enquanto seguirem pelo caminho correto da história.

Crianças e terror são uma combinação que sempre dá certo.

Atenção! Spoilers a seguir!

Um enredo simples, porém bem construído. Na verdade, tudo se iniciou graças ao próprio sacerdote Doman! Ele, ao conhecer a mansão, iniciou estudos sobre a árvore mágica encontrada em seu jardim. De acordo com os experimentos do “cientista”, ao usar os bichos da ceda que viviam na arvore, ele poderia realizar rituais de fusão de corpos que poderiam trazer os mortos de volta à vida.

Considerações finais

Com as clássicas câmeras travadas em um ponto fixo, Kuon não usa os controles convencionais das famosas franquias de terror e pode surpreender até mesmo aqueles mais experientes no gênero. Apesar de seu gráfico não surpreender, seu clima e estrutura narrativa resultam em sustos e momentos de tensão. Cada parte do mapa é muito bem detalhada e pensada para não haver exageros. Os cenários são escuros e misteriosos, passando a sensação de solidão, mas a iluminação bem posicionada deixa a impressão de perigo eminente a cada esquina virada ou mudança de sala.

Aqui as protagonistas podem se defender, mas não pense que será mais fácil em algum ponto. Assim como em Fatal Frame, escolhas erradas ou o uso despretensioso dos recursos resultarão em punições drásticas ao ponto de impedir sua progressão geral no jogo. Por se tratar de um jogo da FromSoftware, espere também que, independente de sua evolução durante o jogo, qualquer inimigo pode te matar em um piscar de olhos, e, portanto, estar preparado (e tenso) é imprescindível para avançar pelos corredores escuros da mansão Fujiwara.

Enfim, Kuon é a prova que um bom jogo de terror não precisa de gráficos realistas ou um enredo mirabolante. O importante aqui é desmistificar esses parâmetros de qualidade e experimentar algo simples e de qualidade. Sendo facilmente em emuladores pela internet a fora ou em mídia original, o investimento de tempo valerá a pena.

E você? Já jogou Kuon? Conhecia este clássico esquecido? Conhece algum jogo que é tão underground quanto?