No dia 15 de junho de 2021, o Studio Ghibli completou 36 anos. A empresa foi fundada em 15 de junho de 1985 por Hayao Miyazaki, Toshio Suzuki, Isao Takahata e Yasuyoshi Tokuma em Tóquio.

Sendo especialista na produção de filmes de animação, sequências animadas para videogames e comerciais para televisão, a identidade da empresa é a chinchila gigante Totoro, personagem do filme Meu Amigo Totoro (1988).

A palavra Ghibli faz referência a um avião italiano que foi utilizado durante a Segunda Guerra Mundial. Significa também, dentro da cultura árabe, um vento quente que se origina no Deserto do Saara e sopra através do Mediterrâneo no sul da Europa, carregando areia com ele. A ideia do estúdio era de “soprar um novo vento através da indústria de anime”.

Desde sua fundação em 1985, seis de seus filmes foram classificados entre os dez filmes de maior bilheteria da história no Japão, com A Viagem de Chihiro liderando. Além disso, cinco de seus filmes receberam indicações para o Oscar.

O primeiro filme do Studio Ghibli, que estreou em 1986, foi O Castelo no Céu, que levou 775 mil pessoas aos cinemas, sendo um sucesso de bilheteria e crítica. Dois anos depois, lançaram dois filmes ao mesmo tempo — o que para muitos era um desafio impossível de ser alcançado —, sem que houvesse o comprometimento da qualidade da animação: Meu Amigo Totoro e Túmulo dos Vagalumes tornaram-se obras-primas.

O Serviço de Entregas da Kiki

No ano seguinte, 1989, cerca de 2,64 milhões de pessoas foram ao cinema para assistir O Serviço de Entregas da Kiki. Diante de tanto sucesso, foi necessário fazer uma grande reforma, que regularizou os funcionários e possibilitou a contratação constante de novo animadores de acordo com as demandas de trabalho.

Já em 1990, o filme Memórias de Ontem manteve o sucesso do Ghibli, que, pela falta de espaço para tantos que estavam envolvidos nas produções — eram aproximadamente 90 pessoas em um espaço de 300 m² —, decidiram abrir uma nova sede, que ficou pronta em 1992 na cidade de Koganei, no distrito de Tóquio, com 1100 m².

Porco Rosso

No mesmo ano da construção da nova sede, foi lançado Porco Rosso, que garantiu a maior bilheteria do ano, sendo ela superior à de clássicos da mesma época como A Bela e a Fera, da Disney. Em 1993, o Studio Ghibli adquiriu duas câmeras computadorizadas, de modo que o departamento de fotografia fosse algo concreto, tendo agora espaço e recursos para todos os departamentos de um estúdio de animação completo.

Se tornando autossuficiente e indo na contramão do que geralmente ocorria, o Studio Ghibli queria que todos os passos dos longas fossem feitos por eles. Nesse período, foi lançado o filme Eu Posso Ouvir o Oceano de Tomomi Mochizuki, um especial elaborado para a televisão por animadores recém-contratados.

Pom Poko: A Grande Batalha dos Guaxinins

Em 1994, foi lançado Pom Poko: A Grande Batalha dos Guaxinins, que também foi o filme mais visto no ano, sendo a primeira produção que utilizou CG (computação gráfica). A equipe formada até então era composta por 99 funcionários, sendo 48 animadores, oito pintores, 12 desenhistas, quatro fotógrafos, 12 diretores e produtores, cinco divulgadores e 12 administradores.

No ano seguinte, Yoshifumi Kondō dirigiu Sussurros do Coração, pois, com o propósito de qualificar seus animadores, Miyazaki passou a dar a eles mais liberdades na execução de seus projetos, visando a treinar seus animadores para que eles pudessem um dia assumir as rédeas do estúdio.

Princesa Mononoke

Em 1997, Hayao Miyazaki conclui o filme que vai ter a maior projeção internacional até então: Princesa Mononoke, uma obra em que humanos e entidades da floresta convivem em locais semelhantes, abordando a possibilidade da vida harmônica entre essas partes. Esse trabalho utilizou bastante computação gráfica pelos novos equipamentos que foram adquiridos, já que utilizou-se do recurso em cenas relativamente simples, mas que eram trabalhosas de serem feitas à mão.

Miyazaki nessa época decidiu se dedicar apenas a roteiros, prestando ajuda de modo ocasional a sua equipe. Em 1998, Yoshifumi Kondō falece, abalando a todos; por conta disso, Miyazaki se afastou do estúdio voltando apenas no ano seguinte.

A Viagem de Chihiro

Em 2001, Hayao retorna a posição de diretor e lança A Viagem de Chihiro, que foi um sucesso mundial, sendo premiado com o Urso de Ouro em Berlim e o Oscar de Melhor Animação. Miyazaki anuncia mais uma vez o fim da sua carreira como diretor, porém retorna alguns anos depois.

Em 2004, Miyazaki concluiu outro filme de grande projeção internacional: O Castelo Animado, que chegou a receber uma indicação ao Oscar em sua categoria. Em 2008, Toshio Suzuki, o presidente executivo do estúdio, se demite, embora continue trabalhando no Studio Ghibli como produtor; a presidência executiva do estúdio passou para as mãos de Kōji Hoshino. Nesse mesmo ano foi lançado o mais novo filme do Studio Ghibli sob a direção de Hayao Miyazaki: Ponyo: Uma Amizade que Veio do Mar.

O Conto da Princesa Kaguya

Em 2010, o Studio Ghibli lança o filme O Mundo dos Pequeninos do diretor Hiromasa Yonebayashi, levando mais de 7 milhões de pessoas aos cinemas japoneses, um recorde para um longa-metragem dirigido por um diretor novato. O ano de 2012 chega com o anuncio de dois filmes para o ano seguinte: Vidas ao Vento e O Conto da Princesa Kaguya.

Em 2014, dois projetos diferentes chegam ao público, um deles sendo a primeira série de TV animada do Studio Ghibli dirigida por Gorō Miyazaki: Ronja, a Filha do Ladrão. A série ganhou um Emmy, o que lhe proporciona uma projeção internacional, sendo posteriormente disponibilizada no serviço de streaming da Amazon.

O ano de 2018 marca uma grande perda para o Studio Ghibli, pois Isao Takahata, membro-fundador, faleceu no dia 5 de maio devido a um câncer de pulmão aos 82 anos, tendo sido realizada uma cerimônia de despedida no Museu Ghibli, em Tóquio.

Apesar disso, o estúdio teve um novo fôlego em 2020, e na sua tradicional mensagem de ano-novo, anunciou a produção de dois novos longas metragens. Um deles é Como Vocês Vivem?, de Hayao Miyazaki, e a segunda produção marca a introdução do Studio Ghibli na era digital, sendo dirigido por Gorō e totalmente criado com CG: Aya e a Bruxa. Este vai ser lançado na TV, por causa da pandemia de COVID-19.

Em fevereiro do ano passado, seu catálogo quase completo de filmes começou a ser disponibilizado globalmente na plataforma de streaming da Netflix. O Túmulo dos Vagalumes — que, aliás, é um dos meus preferidos —, é o único a não ser incluído no serviço de streaming, pois a animação não faz parte do acordo entre a empresa e a distribuidora Wild Bunch International, responsável por oferecer as obras do Studio Ghibli.

O Túmulo dos Vagalumes

Sem dúvida, o Studio Ghibli marcou não apenas o mundo oriental, mas também o ocidental com suas produções. Ainda que muitas tragam elementos que não são tão comuns a nossa cultura, é notável a sensibilidade como abordam assuntos sobre sentimentos e humanidades.

Se houver uma unanimidade no mundo da animação, certamente o Studio Ghibli é uma delas. Finalizo por aqui, com uma frase deixada por Miyazaki Hayao: “A criação de um único mundo vem de um grande número de fragmentos e caos”.

Qual criação do Studio Ghibli você mais gosta? Quem sabe eu faça um outro texto, dizendo meu Top 3…