Death Note (ou Caderno da Morte) é um anime baseado no mangá de mesmo nome escrito por Tsugumi Ohba e ilustrado por Takeshi Obata. O mangá foi publicado na famosa revista semanal Weekly Shōnen Jump de 2003 até 2006 (sim, faz 17 anos que Death Note foi lançado), com um total de de 12 volumes e lançado pela editora Shūeisha. Já no Brasil o mangá foi distribuído pela JBC em duas versões.

O mangá de Death Note obteve um grande sucesso de vendas, e claro que, com esse grande sucesso, logo ganharia uma adaptação para televisão. O anime, de 37 episódios, foi exibido pela primeira vez no Japão de 3 de outubro de 2006 até 26 de junho de 2007 na Nippon Television, com produção pelo estúdio Madhouse e direção de Tetsurō Araki. Já no Brasil, o anime foi exibido em 2009 pela Animax e reexibido em 2014 pela PlayTV. Atualmente consta no catalogo da Netflix.

O sucesso de Death Note, tanto o mangá quanto o seu anime, foi absurdo em todo o mundo, o que fez dele um dos animes mais influentes e precursores do gênero drama/terror psicológico. Até hoje é um dos animes mais amados pelos fãs e considerado um ótimo anime de introdução ao mundo otaku.

O sucesso de Death Note o fez receber diversas adaptações (umas nem tão boas assim) como jogos de videogame, filmes, doramas e até um musical. Em 2006, Death Note teve seu primeiro filme lançado no Japão, que ficou no topo da bilheteria por duas semanas, ganhando do famoso filme O Código Da Vinci. Em 2007, teve a sua sequência, Death Note: The Last Name. Em 2008, recebeu um filme spin-off chamado L: Change the World, que conta os últimos 23 dias de vida de L; e em 2016, o quarto filme, Death Note: Light Up New World. Em 2017, a Netflix fez uma adaptação americanizada de Death Note, que foi, para a tristeza dos fãs, um fiasco. Em abril de 2015, foi lançado o dorama, transmitido de julho a setembro do mesmo ano, com Masataka Kubota como Light/Kira e Kento Yamazaki como L. Também em 2015 estreou o musical Death Note: The Musical no Japão e na Coreia do Sul.

A Criação

Death Note foi uma criação de Tsugumi Ohba, que bebeu de muitas fonte de histórias de shinigamis no Japão, pois o conceito de shinigamis está presente em diversas obras da cultura nipônica. Seguindo dessa base, Ohba decidiu criar seu primeiro esboço do que seria sua maior obra.

Ohba queria se basear nos já conhecidos shinigamis e acrescentar a esse mundo “regras próprias” que eles deveriam seguir. Ele também não queria seguir a “moda” de animes de shōnen da época, por isso ele resolveu criar sua obra baseado no suspense/drama, dando assim início à premissa do que conhecemos como Death Note.

Takeshi Obata foi o ilustrador que trabalhou junto com Ohba na criação do one-shot. O mesmo disse que, ao receber a ideia do projeto, não conseguia entender nada da história, mas quis participar pois gostava do lado sombrio envolvendo shinigamis. Também disse que, apesar da pouca ação dos personagens principais, ele gostava da atmosfera de suspense e drama entre eles.

Com seu primeiro one-shot pronto, Ohba o levou até a editora Shūeisha, sendo muito bem recebido pelos editores e pelos leitores. Mas escrever um one-shot foi um desafio para Ohba, pois ele achava que era muito difícil escrever uma história completa em apenas um capítulo, levando mais de um mês para escrever a história de seu primeiro one-shot.

Quando o one-shot foi publicado, a Shōnen Jump recebeu muitos feedbacks positivos dos leitores sobre a nova história. Todos queriam mais sobre aquela história, e não demorou muito para o editor da Shōnen Jump entrar em contato com Ohba dizendo que queria uma reunião com ele e Obata para discutirem sobre o capítulo piloto de Death Note, que agora se tornaria uma série em mangá.

Assim como o one-shot, o mangá foi um sucesso absoluto de vendas da época e, com isso, ganhou seu passe para as TVs do Japão como anime. Segundo o diretor do anime, Tetsurō Araki, o estilo investigativo, com muito suspense, drama e trama de terror é perfeito para uma série animada. Junto com Toshiki Inoue, buscaram inovar, acrescentando cenas de retrospectiva após a abertura, para incorporar o estilo do mangá ao anime, já que em um anime você não pode voltar para ler as páginas anteriores, e isso ajudava a entender mais da história devido a complexidade do anime.

Araki estava tão comprometido com a obra que colocou mais instruções que o normal no roteiro de Death Note, para que ele fosse o mais próximo possível da obra original. Ele era tão fanboy da obra de Ohba que, quando ficou sabendo que seria produzido um anime, ele literalmente implorou para fazer parte da equipe e aceitaria fazer qualquer coisa, e por isso se esforçaria ao máximo para que o anime fosse perfeito.

Um mangá one-shot conta a sua história toda em torno de 15 a 60 páginas, escrito geralmente para concursos, e às vezes mais tarde evolui para uma série de mangá em longa-metragem (muito parecido com um piloto de series de televisão).

A História

A história de Death Note gira em torno do estudante da cidade de Tóquio Light Yagami (ou Raito Yagami, mas vamos chamá-lo de Light por ser mais fácil). Ele é um dos estudantes mais brilhantes de todo o Japão, sendo considerado talvez um dos jovens mais brilhantes de todo o mundo. Por ser um grande prodígio, estando acima da média, ele acaba sendo muito arrogante e se achando melhor que todos, mas sua vida estava próxima de mudar completamente quando Light encontra um caderno de capa preta escrito Death Note, em que havia dentro uma série de regras de como utilizá-lo.

Segundo as regras descritas nas primeiras páginas do caderno, ele teria a capacidade de matar qualquer pessoa se o portador escrevesse o nome da pessoa, visualizando o rosto da pessoa que quer matar. Obviamente, Light desconfia da autenticidade do caderno, achando que deve ser a brincadeira de alguém.

Light, ao chegar em casa, se tranca em seu quarto e, apesar de descrente, continua a ler as regras. Uma dessas regras diz que, ao escrever o nome de quem você quer matar, a causa da morte tem que ser especificada dentro de 40 segundos; caso contrário, a pessoa morrerá de ataque cardíaco. Então, durante uma reportagem ao vivo na TV, em que um sequestrador havia feito crianças reféns em uma escola, aparece o nome e a foto do tal sequestrador. Light escreve o nome no caderno e, para sua surpresa, em 40 segundos o sequestrador morre subitamente.

Light fica em choque e descrente do que aconteceu, achando que deve ser uma infeliz coincidência, mas resolve que tem de testar uma segunda vez para tirar a prova se o caderno é real. Então, quando está andando pela rua, ele vê um grupo de motoqueiros atacando uma mulher, e um deles se apresenta para ela dizendo o seu nome. Light vê que essa seria a oportunidade perfeita para testar, então ele escreve o nome do motoqueiro no caderno, especificando que o mesmo seria morto atropelado, e alguns segundos depois o mesmo morre atropelado por um caminhão. Assim, ele afirma que o Death Note realmente é real.

Agora, ciente dos poderes do caderno, Light escreveu dezenas, talvez centenas de nomes de diversos criminosos em apenas cinco dias. Vendo aquele momento de êxtase de Light, o shinigami chamado Ryuk se revela a ele dizendo ser o verdadeiro dono do Death Note que está em posse de Light. Para a surpresa do shinigami, Light não parecia assustado, mas, sim, diz estar esperando por ele. Light diz a Ryuk que sabia que o caderno pertencia a um deus da morte e que o usou mesmo assim, sabendo que esse deus viria atrás do caderno e provavelmente levaria sua alma embora.

Light Yagami e o shinigami Ryuk

Ryuk diz que não fará nada com Light, pois assim que o caderno toca o mundo dos humanos, ele passa a pertencer a esse mundo e que o humano que o pegar passa a ser dono dele, ou seja, Light é o dono dele agora. Ryuk também avisa a Light que o humano que utilizar o caderno conhecerá a dor e o desespero, e quando chegar o dia que Light irá morrer, Ryuk escreverá seu nome no caderno que ele carrega em sua cintura. Também alerta que nenhum humano que usou o Death Note poderá ir aos céus nem mesmo para o inferno. Como o Death Note que está com Light pertence a Ryuk, somente Light pode vê-lo e ouvi-lo, mas caso alguém toque no livro, também poderá.

Light questiona Ryuk do porquê ter dado a ele o caderno. Ryuk diz que não deu nada, que Light apenas o encontrou por acaso. Shinigamis são imortais, e por isso viver no mundo dos shinigamis é um tédio, então ele veio ao mundo dos humanos se divertir, por isso “acidentalmente” perdeu seu Death Note aqui.

Ryuk fica intrigado com Light, pois ele escreveu tantos nomes no caderno sem causa da morte. Light diz que a regra de morrer de ataque cardíaco é a melhor regra, pois é questão de tempo para ligarem a causa da morte dos maiores criminosos do mundo e descobrirem que estão sendo mortos por alguém. Ele quer que o mundo saiba da existência de um “benfeitor” com esse poder de matar qualquer um a distância. Com esse poder em mãos, ele pode limpar esse mundo que está repleto de sujeira e impunidade, ele é vai punir aqueles que merecem. Criar um mundo perfeito, com pessoas gentis, honestas e trabalhadoras, e ele será o deus desse novo mundo com auxílio do Death Note.

Conclusão

Death Note é um ótimo anime pra quem gosta bastante do gênero drama/suspense. Apesar de ser bem curto, tem uma história bem articulada e redonda, conseguindo fechar bem o ciclo dos personagens e deixando em aberto algumas partes perfeitas para elaboração de teorias, tanto que até hoje existem fóruns e páginas para discussão sobre o mangá, anime e os one-shots que foram lançados após o término da obra.

Com toda a certeza, Death Note foi um marco na história dos animes, inovando e criando um novo estilo de história que na época não era comum de se ver, ou bem feita. Ohba abraçou um gênero não muito popular e o fez popular com maestria.