Tuzi, da Lua, diz: Olá, jovens gafanhotos! Alguma vez vocês já se perguntaram de onde vêm os termos sobrenaturais da cultura japonesa? Esta coelha já! Por conta disso, trago uma curiosidade para compartilhar com vocês! Hoje vamos conhecer um pouco sobre yāoguài, os ancestrais dos yōkai.

Demônios chineses

Dentro da mitologia chinesa há diversos níveis hierárquicos dividindo os vários tipos de seres sobrenaturais, e os yāoguài são uma dessas classes. Frequentemente são atribuídos a animais ou seres celestiais caídos — que cometeram algum ato vil — e que, através do taoísmo, conseguiram adquirir algum tipo de poder.

Com tendências de neutras a maliciosas, yāoguài têm como objetivo alcançar a imortalidade, e muitos deles, até mesmo o status, mesmo que abaixo, de deuses.

Um exemplo disso está na já citada Jornada ao Oeste, na qual, durante a peregrinação do monge Xuánzàng, este foi por diversas vezes alvo de ataques de yāoguài, visto que o consumo da carne de um ser puro é um dos meios alternativos de cultivo para a imortalidade.

Yāoguài

Yāoguài (妖怪) também pode ser nomeado como Yāomó (妖魔) ou Yāojīng (妖精), sendo yāo (妖) um caractere (kanji) designado para demônio/demoníaco em um sentido geral, e guài (怪), de forma literal, aberração.

Yāomó

Yāomó significa literalmente demônio, pois é a união de yāo (妖 – demônio) e (魔 – magia), ou seja, uma forma física e mágica dos demônios.

Yāojīng

Yāojīng traduz-se sendo algo como espírito ou um ser sedutor, pois jīng (精) significa essência ou espírito. Esta palavra em si muitas vezes é referência para yāoguài femininos, pois uma das traduções para o termo é fada.

Equivalências pela Ásia

Yōkai é a palavra japonesa equivalente a yāoguài, ambos até utilizam os mesmo caracteres (妖怪).

Aqueles que acompanham essa coluna — ou os que são curiosos o suficiente para desbravar as mitologias orientais — sabem que a mitologia chinesa teve uma grande influência em muitos países do leste e sudeste asiático. A crença no taoísmo, por exemplo, conforme a expansão chinesa, foi assimilada por muitos povos.

Essa assimilação na maioria das vezes aconteceu de forma natural, pois a crença ancestral desses povos muitas vezes se assemelhava ao que a mitologia em volta do taoísmo trazia. Outro exemplo dessa assimilação é o budismo, que foi facilmente incorporado por toda a Ásia.

Por conta disso, podemos encontrar diversas similaridades entre o taoísmo e o xintoísmo. Afinal, apesar de ser uma crença ancestral estabelecida desde os primeiros povos japoneses, por conta da influência cultural chinesa, o xintoísmo acabou compartilhando e adaptando sua mitologia as vindas de outros locais.

Não é difícil encontrar similaridades entre essas duas mitologias, por exemplo, com a budista. Entre uma das influências está um dos conceitos de inferno — submundo, ou mundo dos mortos — chinês, o Dìyù.

Influências hinduístas e budistas

O inferno Dìyù (地狱), em chinês, equivale ao Jigoku (地狱) em japonês e Jiog/Jiok (지옥) em coreano. Mesmo que vaga, tem influência das crenças hinduístas e budistas na personificação dos demônios que lideram e vivem nesse lugar.

Podemos citar o Ushi-Oni como uma dessas personificações, pois a aparência desse yōkai é próxima a de um Rakshasa. Assim como as húlíjīng (狐狸精 – espírito de raposa) ou jiǔwěihú (九尾狐 – raposa de nove caudas) são consideradas yāojīng, e sua personalidades pode variar entre um Rakshasa ou Yaksha.

No Japão, conhecemos como o yōkai Kitsune (狐) e na Coreia do Sul como a sobrenatural Gumiho/Kumiho (구미호).

  • Rakshasa: espécie de espírito/demônio com tendências neutras a maliciosas que podem se tornar guardiões no hinduísmo e budismo.
  • Yaksha: espécie de espíritos/demônios da natureza com tendências neutras a benevolentes do hinduísmo e budismo.

Tuzi, da Lua, diz: E por hoje é só, jovens gafanhotos! Aguardo vocês semana que vem, mas, por agora, aventurem-se nas outras matérias incríveis dessa semana! Aliás, não se esqueçam de acompanhar a programação da Rádio J-Hero! Essa que é e sempre do seu jeito, do seu gosto!