Olá, meus amores, tudo bem? Esta semana, mantendo a tradição de falar de franquias que estão aniversariando, vou analisar o enredo de Code Geass: Lelouch of the Rebellion, que estreou no dia 6 de outubro de 2006 na televisão japonesa, completando, assim, no mês passado 15 anos.

Sinopse

A maioria das histórias gira em torno do estudante Lelouch Lamperouge, um jovem príncipe que na sua infância sofreu um atentado terrorista à sua casa, no qual morreu sua mãe e deixou sua irmã impossibilitada de andar e enxergar. Após isso ele teve que se mudar para um lugar chamado Área 11, que corresponde ao Japão depois de dominado pelo Império de Britannia, e recomeçar a sua vida. Alguns anos depois ele encontra uma garota misteriosa chamada C.C. que lhe dá um poder chamado Geass, que lhe permite dar ordens a qualquer ser humano, sendo impossível não obedecê-las. E com esse poder ele resolve destruir o mundo em que vivia para construir um novo e mais gentil como idealizara sua irmã. A história se expande em diversos pensamentos filosóficos desde a paz forçada até a definição de justiça, discutindo as formas nas quais a sociedade atual se baseia e fazendo o telespectador pensar se o mundo onde vive é o certo.

Code Geass: Lelouch of the Rebelion é uma série animada em 50 capítulos (duas temporadas de 25 cada uma), dirigida por Gorō Taniguchi e escrita por Ichirō Ōkouchi, dentro do gênero mecha, onde se destacam tecnologias e habilidosos pilotos. Eu considero a presença dos knightmares necessária (e vou abrir um parêntese para explicar o que são), porque, a partir dela, o anime reflete sobre o uso de tecnologia de guerra, ética e dominação territorial. Além das duas temporadas, Code Geass conta com quatro OVAs, sendo duas compilações e dois spin-offs, além dos picture dramas que vieram junto com a versão Blu-ray.

Knightmare é uma palavra formada pela junção de duas outras, knight e nightmare, e seria algo como cavaleiro dos pesadelos, referindo a suas próprias armas; frame é uma palavra popular para máquinas humanoides (com dois pés e dois braços), são máquinas de combates robóticas que foram criadas principalmente para reabastecer tanques de guerra e outros veículos de guerra.

Uma das características mais marcantes de Code Geass é seu enredo, que classifico como imprevisível, possuindo quase sempre caminhos inesperados, o que potencializa a curiosidade e vontade de assistir. Só que também tem um ponto negativo: às vezes forçam tanto a barra, que acaba sendo um recurso que é cansativo de ser visto. Um exemplo prático disso é quando Lelouch está prestes a morrer e é salvo no último segundo por alguém ou quando ele cria um plano de batalha surreal que funciona, salvando seu exército ileso e aniquilando o inimigo.

Porém, o roteiro termina com pouquíssimas falhas, além de, claro, ter críticas e metáforas durante a história que são bem atuais, como a forma que o enredo discute o imperialismo. E aqui peço licença para discorrer um pouco sobre o assunto.

Já podemos pegar um ponto importante que é o nome dado pelos roteiristas à grande nação imperialista, que é Sacro Império Britannia. Podemos ver aí uma referência direta à Inglaterra, já que esse país se encontra na Grã-Bretanha. O anime se apresenta dividido em dois polos: o opressor — Sacro Império Britannia — e o oprimido — Japão —, e poderíamos pensar que o anime possa tender ao maniqueísmo.

No entanto, a formação do caráter dos próprios personagens nos leva a questionar mais profundamente a respeito do tema: os dois personagens principais do anime, os amigos Suzaku e Lelouch. O primeiro é filho da antiga família real japonesa, trabalha nas forças armadas de Britannia e é condecorado como guarda real da Regente da Área 11 — Japão —. Já o segundo é o filho bastardo do Rei de Britannia, que acaba se tornando líder da revolução contra o império de seu pai. A partir daí, pode-se perceber a existência de outras relações culturais, sociais e afetivas que não ficam restritas ao binômio opressor-oprimido.

Outro ponto abordado é a “questão do outro”. Quando o Sacro Império Britannia domina o Japão que até então estava neutro, ele o transforma na Área 11, e todos os seus habitantes são chamados de elevens. Essa é uma caraterística presente na imposição ideológica imperialista, em que todo traço de humanidade é retirado dos povos, e os mesmos são reduzidos a números.

No começo do primeiro episódio, é explicado que Japão perdeu a guerra devido à superioridade armamentista dos britannicos, principalmente por conta da arma de guerra Knight Frames. Isso mostra que o anime reforça, de certa forma, o discurso de uma cultura material que preza pelas evoluções tecnológicas, porém ressalto aqui que disparidades tecnológicas não significam que uma sociedade é superior a outra. No anime há, portanto, como já disse um pouco mais acima, muitas características parecidas com a vida real, apesar de o imperialismo acontecer no século XIX, e o anime ser de 2005.

Lelouch

Lelouch é um dos anti-heróis mais interessantes que conheço. Uma pessoa determinada em construir um mundo para a irmã mais nova, que é cega e paraplégica, onde as coisas sejam mais gentis e felizes, estando preparado para fazer qualquer coisa. Mas ao longo da história podemos ver o crescimento dele e também como o mesmo descobre que existem consequências ao se tomar uma decisão em um conflito e ao se guardar muitos segredos.

Lelouch e sua frieza nos apresenta uma série de manipulações que ele é obrigado a fazer com o inesperado, sendo um jovem que se quebra e, em meio a sua insanidade, sua inteligência e astúcia sobressaem, guiando a história para um final inesperado. Com tantos altos e baixos ao longo da série, o fim é como o próprio Lelouch: uma jogada de mestre.

Design de personagens

O design dos personagens era do estúdio Clamp, formado exclusivamente por mulheres. P estilo da animação é colorido, e a anatomia, distorcida: as pernas são grandes, e todo mundo é muito magro. O rosto é fino, os olhos são grandes e os cabelos, coloridos, e é notável que essas fugas anatômicas e proporções exageradas são características de estilo e não por falta de habilidade. Porém, acaba dividindo opiniões, mas particularmente eu gosto.

“Você não pode mudar o mundo sem sujar as mãos” – Lelouch Lamprouge.

Embora existam outros animes que ocupam um lugar especial no meu coração, Code Geass me toca pela escrita engenhosa e citações significativas, aliadas a uma bela trilha sonora. Falando em trilha sonora, para celebrar o aniversário de 15 anos da franquia, a série será retransmitida no bloco Animeism dos canais MBS, TBS e BS-TBS do Japão, contando com uma nova abertura e um novo encerramento.

A banda FLOW, que fez a abertura original da série, Colors, fica a cargo da nova abertura, e o encerramento, originalmente feito pelo grupo ALI PROJECT, ficará a cargo de TK, da banda Ling Tosite Sigure. Confiram a seguir a abertura original:

Conclusão

Sem entrar em muitos detalhes para não estragar a experiência de quem ainda não viu Code Geass, eu recomendo o anime, tendo a certeza de que você ficará satisfeito por ter assistido e que provavelmente refletirá sobre sua visão de senso de moralidade e justiça no mundo atual. É uma excelente recomendação para quem se interessa por animes com foco voltado para a História, então vão assistir essa maravilha da animação japonesa!


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