Olá, meus caros viajantes, tudo bem? Hoje começaram as Paralimpíadas de Tóquio, na semana da pessoa com deficiência intelectual e múltipla, e é uma ótima oportunidade para falarmos sobre inclusão!

O comitê organizador dos Jogos de Tóquio 2020 anunciou que o conceito da cerimônia de abertura das Paralímpiadas será “We Have Wings” (temos asas). De acordo com os organizadores, o conceito tem como objetivo inspirar a coragem dos atletas para abrirem suas asas “não importa para onde o vento sopre”. E ainda: “Harmonious Cacophony” será o conceito da Cerimônia de Encerramento, que terá como premissa reconhecer a diversidade entre as pessoas e transformar suas diferenças em uma unidade compartilhada.

O enredo apresentado teve como fio condutor a história de um avião que possuía apenas uma asa. Na metáfora apresentada, a aeronave tinha desistido de voar. Ela então se anima ao ver outros seis aviões que apresentavam deficiências, deixando o “para-aeroporto”. Dessa forma, o avião é incentivado a voar, independentemente de suas limitações.

A estrela da cerimônia de abertura foi “A Pequena Monoasa”. Yui Wago, de 13 anos, é cadeirante e hoje pôde voar, com uma asa! Tudo para mostrar que todos podem!

Origem da palavra

Inicialmente, a palavra paralímpico era a combinação entre as palavras paraplégico e olímpico, mas com a inclusão de outros grupos de deficientes, o nome tomou outra conotação. A palavra paraolímpico vem do radical grego para, que significa ao lado, paralelo e da palavra olímpico, fazendo referência à ocorrência paralela dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. No fim de 2016, o “o” foi retirado, de forma que se tornou padronizado o termo chamado esporte paralímpico.

Nas Paralimpíadas, o símbolo é o “Agitos”, que em latim significa me movimento. Ele é um desenho assimétrico de três arcos nas cores vermelho, verde e azul, que representam o lema “espírito em movimento”.

Inclusão: qual a importância?

É necessário que procuremos implantar uma maior conscientização de que os deficientes físicos são, em primeiro lugar, cidadãos que possuem os mesmos direitos que todos os outros indivíduos dentro da sociedade e necessitam de oportunidades para se desenvolverem, física e mentalmente, pois deficiência não interfere para que obtenham reconhecimento e sucesso, mas para isso é necessário que sejam incluídas. A acessibilidade é um direito, não um privilégio. Inclusão não é somente inserir alguém em um grupo e, sim, acolher de forma importante, como parte da sociedade.

Paratletas e anime: um debate necessário

Recentemente, escrevi um texto sobre indicações de animes de esporte, e incluí um anime chamado Breakers, que é um anime sobre deficientes que são incentivados a praticar esportes e se tornarem paratletas, com a ajuda de um cientista. Volto a recomendar, especialmente porque as pessoas que vão assistir irão ver as Paralimpíadas e poder refletir que não é porque elas são diferentes que elas precisam se limitar. Para você que me lê e é uma pessoa com deficiência física: não deixe que cortem suas asas. Vocês também podem “voar”, existem diferentes formas de fazer isso, e talvez o esporte possa ser um bom caminho para sua saúde física, mental e social, e se não for por meio do esporte, ainda existem muitos caminhos que vocês podem trilhar. Assim como qualquer pessoa!

Para finalizar… #WeThe15

O #WeThe15 é o maior movimento de direitos humanos do esporte para acabar com a discriminação. O objetivo é transformar a vida de 1,2 bilhão de pessoas com deficiência no mundo, que representam 15% da população global. Não é só superação, é aceitação e inclusão.

Todos podem aderir ao movimento. Seguem abaixo algumas dicas :

  • Ao considerar diversidade e inclusão, olhe para a deficiência também! A deficiência passa por todas as áreas de diversidade e afetará a maioria das pessoas, em algum momento das suas vidas.
  • Fale diretamente com pessoas com deficiência, não presuma que elas não podem falar por si mesmas.
  • Lembre-se que algumas deficiências não são visíveis.
  • Converse com seus filhos, amigos, pessoas próximas a vocês sobre deficiência e ensine os direitos que elas possuem.
  • Não utilize linguagens estigmatizantes para se referir as pessoas com deficiência. Não use deficiência como adjetivo ou xingamento aleatório. Ex: chamar alguém ou se autodefinir como “retardado”, “mongol”, “autista”.
  • Respeite as cadeiras de roda; não se apoie nem toque nelas sem permissão.
  • Não faça comparativos com superação, ou limitando as pessoas deficientes ao fato de “superarem”. Reduzir um PCD a alguém que superou algo é minimizar o seu talento e competência.

O movimento, que também tem como alguns de seus fundadores o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e a Unesco, se utilizará das competições de Tóquio para melhor visibilidade e foi apresentado na abertura:

Dando início nas Paralimpíadas de Tóquio 2020, a WeThe15 planeja iniciar mudanças ao longo da próxima década para reunir a maior coalisão da história do mundo do esporte, direitos humanos, políticas, comunicações negócios, artes e entretenimentos.

Num tempo em que a diversidade e a inclusão são temas quentes, os 15% que têm deficiências querem mudanças efetivas na desigualdade e inatividade. Assim como raça, gênero e orientações sexuais, nós queremos ter um movimento que todas as pessoas com deficiências possam se identificar. Um movimento global que está publicamente delegando a favor da visibilidade, inclusão e acessibilidade deste público.

As pessoas com deficiência foram protagonistas de um vídeo divulgado no YouTube, que vocês podem conferir abaixo. Elas aparecem em situações do cotidiano e ressaltam que “não há nada de especial em nós”:

Que possamos fazer nossa parte para tornar o mundo mais inclusivo e solidário!