O que é ser Otaku atualmente?

Entre as minhas viagens noturnas, esta pergunta me surgiu ontem a noite ao pensar qual seria a matéria de hoje. Quantas vezes você já não ouviu algo do tipo:

"Se diz otaku, mas só vê Naruto e os animes modinhas."

"Eu não sou otaku, só assisto animes."

"Se diz otaku, mas … (insira algo aqui)."

"Eu não sou otaku, otaku no japão é outra coisa."

"Quem diz que é otome é poser, otome é virgem, dúvido que você seja. (?)"

"Otaku é para homem e mulher."

"Os otakus de hoje em dia são todos retardados."

"Otaku é modinha."

"Isso não é otaku, é otacu."

Essas e muitas outras frases surgem diariamente nas redes sociais, como se ser otaku fosse uma coisa pronta com guia e passos para se tornar um otaku membro vip, e quem não segue isso é poser.

Para estes, só tenho uma coisa a dizer: Você está errado! Pelo menos para mim.

Os old school dizem que ser otaku atualmente é fácil, antigamente era mais difícil, você precisava se esforçar porque não tinha internet, nem eventos em todas as cidades praticamente. Por isso que surgem algumas pérolas de otakus por aí. Quer um exemplo maior do que aqueles que apareceram no programa da Fátima Bernardes? (Créditos ao Sr.Otirra pelo vídeo).

Eles tem razão em uma coisa, antigamente era mais difícil, mas isso não torna quem conheceu animes após 2000 menos otaku, afinal, retardado existe em todas as "tribos". Justin Bieber que o diga.

Agora que já foi explicado porque existem otakus idiotas, vou explicar porque eles podem ser otakus, mesmo conhecendo apenas Naruto e Sword Art Online.

Origem do Termo – Otaku e Otome

A maioria já sabe, mas vamos relembrar: Otaku é um termo utilizado para definir alguém obcecado por algo que deixa de manter relações e outras atividades em prol da sua obsessão, e não precisa ser animes, mas qualquer coisa.

Quer a novidade? Não foi sempre assim!

Otaku originalmente significa literalmente seu lugar, porém Akio (culpem ele) Nakamori percebeu que os fãs de animes e mangás usavam muito o termo e decidiu usá-lo em seu livro em 1989.

Neste livro o serial killer era um adorador de mangás e animes pornográficos (olha o caminho que vocês estão seguindo), extremamente obcecado, que recriava as histórias lidas/vistas estuprando garotas. Esta história foi baseada no caso real de Tsutomu Miyazaki. Obviamente, a sociedade da época ficou aterrorizada e passou a utilizar o termo como um tabu, e acabou transformando-o em algo negativo / perjorativo como é conhecido atualmente no Japão.

Mas você vive no Japão? Pra sua sorte não, então pare de dar lição de moral para quem se denomina otaku, meu filho.

O entendimento de otaku no Brasil (onde você deve morar senão for a Milla ou a Sawa) é semelhante ao significado de otaku que existia antes do Akio decidiu transformar um otaku em serial killer. Ou seja, uma pessoa que é muito fã de animes e mangás.

Mas e as otomes? É tudo frescura então? Não, não é.

A origem da palavra otome pode ser "virgem", mas acho que ninguém que diz otaku tá se chamando de "seu lar" também não é?

A ligação de virgem (digo otome) com os animes e mangás se deu pelo fato de uma das principais ruas de Ikebukuro, conhecido pelos seus produtos de animes/mangás para garotas tinha o nome de Otome Road, com esse fato você já liga tudo, o termo passou a se referir as garotas que iam para aquela rua, e posteriormente a todas as garotas que utilizavam os produtos, virando assim o feminino de otome. (Acho que devia se chamar Fujoshi Road.)

Então sim meus caros, otome pode ser considerado o feminino de otaku e ninguém vai se tornar menos otaku por isso. Deixem as meninas se chamarem como quiser, importante é elas não lhe atrapalharem naquele capítulo importante semanal do seu mangá favorito, não concorda?

Vai ter quem lerá isso e ainda dirá que otaku não é o feminino de otome, não, não é oficialmente, mas a língua é algo mutável e não precisa estudar letras para saber isso, seja no Brasil ou no Japão, as palavras tem os seus significados alterados. E otome não precisa ser o feminino de otaku para ser uma garota fã de animes e mangás.

Por que não pensar que são duas palavras que possuem significado semelhantes e representam gêneros diferentes? Assim como shoujo e shounen não são opostos um do outro, mas tratam-se de gênero literário focado no gênero no público alvo.

E se alguém disser que otome é o feminino de otaku, você tem duas escolhas:

1-Mande essa matéria para ele/a e peça para comentar.

2-Deixe a pessoa em paz e pergunte que anime ela anda assistindo. Quem sabe vocês não se dão bem?

Mas e a pergunta principal: o que é ser otaku ou otome hoje em dia?

É aquela pessoa que assiste 20 episódios por dia, assim como é aquela pessoa que assiste 20 animes por ano. Existem vários tipos de otakus:

Otaku Ansioso: Assiste todos os animes da temporada e quando acaba já quer mais.

Otaku Nostálgico: Só gosta de animes que já passaram na televisão aberta e xinga qualquer anime novo que se torne popular. Anime bom é aquele com a abertura de voz irritante brasileira que parece que estão morrendo.

Otaku Lerdo: Ainda não saiu dos 50 episódios de One Piece (ou qualquer outro), mesmo depois de 6 meses vendo. (Certo Caio_Uchiha?)

Otaku Amoroso: Assiste, se torna o maior fã do mundo, assiste o próximo e também vai se tornar o maior fã do mundo, em um ciclo infinito de amor.

Otaku Tarado: Só asssiste e lê ecchi, hentai, shounen só se tiver peitos, e é feliz assim, só um pouco cabeludo nas mãos, é claro.

Otaku Cult: Cheio de opinião, críticas e mimimi, não assiste qualquer coisa, fugindo de qualquer anime que virou a sensação do verão, os ditos modinhas. (Sou dessas, eu sei.)

Deve ter outros, mas esses são os principais, e me diz: você acha um desses mais otaku que outro? Eu não, são todos iguais, posso não gostar dos mesmos animes que eles, mas não vou desqualificar o sentimento que eles tem assistindo animes, pois é o mesmo.

Ser otaku não tem nada a ver com o gênero que assiste ou lê, com o número de episódios ou capítulos, ou a quantidade de animes que já viu.

Ser otaku não tem nada a ver com o fato de que você é um arroz de festa para eventos, se faz cosplay ou cospobre, ou não faz nenhum dos dois e nunca foi em um evento.

Ser otaku não é ter uma camiseta do seu anime favorito, nem saber de cor a bibliografia do seu mangaká favorito.

E muito menos com a quantidade de mangás ou dvds que você já colecionou.

Isso tudo é acréscimo, atividades que você participou por causa de um princípio básico: você gosta de animes e/ou mangás.

Ser otaku ou otome para mim é muito simples e você pode descobrir agora mesmo se é um ou não.

É pensar na sua vida daqui a 10, 20 ou 30 anos e não ter ideia do que você vai estar fazendo, ou como será a sua vida, mas ter certeza que se puder, vai estar vendo animes, lendo seus mangás, mesmo que só possa uma vez ao mês, que tenha que trabalhar todos os dias para sustentar sua família ou seus vícios.

Porque ser otaku é isso, é gostar de assistir ou ler essas obras japonesas, com mais ou menos frequência, é ter aquele sentimento que você nunca vai querer parar de fazer isso. Porque isso é você, um otaku ou otome que assiste animes e lê mangás.

E eu já ouvi isso de pessoas aqui da rádio mesmo: "ah eu não sou mais otaku, não tenho mais tempo para ver animes." Para você meu caro, só digo isso: você é otaku, porque sei que você gosta tanto quanto eu de ver animes, mesmo que não esteja os vendo agora e isso nunca vai mudar.

As pessoas não deixam de ser otakus, ou elas são, ou não são. Ser otaku atualmente é o mesmo que antigamente e será o mesmo daqui a 50 anos senão vir o apocalipse. (Vai saber né?)

É isso que você é, sem certo ou errado, apenas otaku.

Opinião Final

Acho que é a primeira vez que trago um texto destes, sem o foco em um anime ou mangá, apenas escrevendo o que eu penso e esperando que vocês leiam e opinem.

Espero que eu consiga, pelo menos um pouco, Abrir a sua Mente, e fazer você perceber que essas rixas entre otakus não tem sentido, somos todos iguais, porque gostamos de uma mesma coisa, seja homem ou mulher, vestindo cosplay ou uma minissaia rosa, escutando rock ou sertanejo universitário.

Otakus existem aos montes, apenas encontre aqueles que você se dará bem e faça o que você sabe fazer de melhor, ser otaku.

Nota: Nem comentei dos otakus japoneses e suas excentricidades, porque esse não é o foco, e porque eles dão medo. Mas recomendo que se você não se sente bem ao ser chamado de otaku por causa deles, que continue se considerando otaku, para mostrar que otaku fora do Japão pode ser algo bom, e não é igual ao que mostram na televisão, todos sabemos como a mídia mostra o que quer.