De muitas coisas que ocorreram no festival Music Bank aqui no Brasil – o qual não pude conferir pessoalmente, mas que teve a presença de alguns DJs aqui da rádio -, acredito que o maior destaque não ficou para as inúmeras presenças masculinas em grupos de K-Pop, tão pouco nas quase femininas da banda SHINee, headliners do evento. Sim, para a graciosidade da cantora americana Ailee.

Seja por sua enorme beleza e presença de palco, ou simplicidade mostrada na sala de imprensa, e até mesmo pelo cover de Aquarela do Brasil, com o qual homenageou o caloroso público brasileiro, a interprete acabou por ter os holofotes mais voltados para ela que para os outros. Entretanto, de nada serviria isso se a mesma não tivesse um bom repertório.

No mini-álbum A’s Doll House, lançado no ano passado, mas que acabou sendo engavetado por mim na época e não gerando uma resenha, a jovem iniciante no mercado oriental mostra que tem tudo para se destacar seguindo os passos de outras interpretes solo, como a Lee Hyori, a BoA e também os de algumas japonesas, como a Ayumi Hamasaki.

É notável que o fato dela ser uma americana de descendência coreana acaba por influir diretamente em sua sonoridade, já que os metais logo no início de U&I remetem diretamente à Crazy in Love, da Beyoncé, assim como a nota estendida, parecida com as usadas pela Christina Aguilera no álbum Back to Basics. O que não é nada mal, resultando em uma faixa gostosinha e com um refrão absurdamente grudento.

Já na contagiante No No No, o maior acerto está na junção de uma base eletrônica de bateria com uma banda bem completa, dando o clima perfeito e Pop a qual é proposta.

As influências de R&B moderno e electropop na emotiva Rainy Day – cantada em um tom extremamente alto -, a tornariam bem válida se não fossem os exageros vocais, soando como os momentos mais chatos da Mariah Carey. Já a balada seguinte, How Could You Do This To Me, é perfeita por ser exuberantemente simples e destacando o lindíssimo timbre dela.

Há um tom teatral dado pelo piano em Scandal, inclusive lembrando um pouco a vinheta sonora da Capcom em dado momento, mas que não a atrapalham de ser uma boa canção. E o fim está com I’ll Be Ok, repleta de batidas Trap e elementos dançantes.

Com esse EP e as apresentações ao vivo, Ailee demonstra ter um pouco mais de personalidade própria que outras figuras da cena Pop sul-coreana. É um ótimo prato de entrada ( embora seja o segundo de sua carreira ) para o que estará por vir nos próximos anos. Simplicidade, diversão e boa execução.