Como já noticiado por aqui e após muita espera dos fãs, a cantora Kawase Tomoko finalmente lançou seu novo álbum utilizando o alter ego Tommy Heavenly6, onde interpreta uma roqueira amante de punk e sombria.

Vinda de um grande trabalho anterior, o fantástico TOMMY CANDY SHOP SUGAR ME, a interprete mostrou que pode migrar com uma competência doentia do Pop oitentista açucarado ao Punk violento e o progressivo sinistro apresentado agora, em TOMMY ICE CREAM HEAVEN FOREVER. Esse, em teoria, é o “lado mal” do que o antecede, empregando um peso musical mais forte até que o habitual da personagem, demonstrando uma insatisfação em se manter numa zona de conforto musical.

Precedida por uma introdução bizonha que me fez dar um pulo de susto ao escutar na primeira vez em um alto volume, a deliciosa I Want Your Blood já inicia de cima o álbum, com vocais por vezes sussurrados, em um tom teatral e melancólico, a frente de um arranjo progressivo. Na seguinte, Let me Scream, há ainda uma colocação mais vulgar sensacional, ideal para a personagem e a letra da canção.

Lovin’ You dá uma quebrada nesse ambiente bucólico, sendo ela mais festiva e para cima. Já em Forever And Anywhere há um pouco de confusão. O instrumental é de causar inveja a qualquer Avril Lavigne da vida, mas a Tomoko não coloca um punch necessário ao andamento da faixa, comprometendo-a. Então eu caio da cadeira com a fantástica Can You Hear Me?, a melhor de todas. Embora seja um belo dramalhão adolescente, representa exatamente a ideia posta por essa personagem.

A sombra volta na faixa utilizada como first single, Ruby Eyes. Nela, há uma porrada musical que vale muito a pena ser conferida. E o cover em inglês de sua própria banda em Ash Like Snow não apresenta nenhuma diferença significativa, exceto a língua, mas casa perfeitamente com o conceito da gravação e apela também para a nossa memória otaku, já que originalmente a faixa foi usada como tema da animação Mobile Suit Gundam 00, sendo uma grata surpresa.

Para encerrar com chave de ouro, Milk Tea e a canção que dá nome ao álbum mergulham de vez no punk, sendo a primeira mais envolta por uma aura farofenta e garage rock e Ice Cream Heaven Forever partindo da mesma escola que grupos como The Mars volta, recheadas como uma dramaticidade exagerada e divertida.

E, com isso, ela fecha o ano de lançamentos realmente importantes do mercado fonográfico nipônico. Vale um aplauso de pé por esses dois trabalhos, regados de muita criatividade e ainda assim radiofônicos, dando um banho na maioria das famosas cantoras internacionais que enchem nosso saco em rádios nesse momento.

Um abraço!