A banda Ikimono Gakari é bem conhecida no meio otaku internacional por ter algumas de suas canções como tema de famosos animes, como por exemplo, a icônica Blue Bird, abertura de Naruto Shippuuden ou Hanabi, parte da trilha de Bleach.

Mas o grande problema de um grupo chegar a um patamar tão alto em fama é o seu “endeusamento”, onde acham que tudo lançado por eles é uma maravilha e sem erro algum. Mas, infelizmente, com seu novo álbum, I, podemos notar o quanto esse mito não passa de uma grande baboseira de fã.

Já de início nas faixas Egao e 1 2 3 ~Koi ga Hajimaru~, ambas absurdamente pop e divertidas, notamos o quanto a banda lamentavelmente não evoluiu desde seus primeiros trabalhos.

E isso piora na que segue, Papapa~ya, que tem até um instrumental legal mais voltado em um clima jazzísticocarnavalesco” somado a variáveis legais nas modulações da vocalista Yoshioka Kiyoe, porém tudo isso é estragado pelo péssimo refrão que, de tão constrangedor, me fez pensar se essa era mesmo uma produção séria…

Eis que então percebo que me encontro em uma montanha-russa musical, seja essa a intenção planejada ou não. A ótima Koiato reaviva o clima country (sim, country) mais antigo do trio em uma baladinha acelerada e com um solo de guitarra de matar.

Também lá no alto está Haru Uta, que não só tem cara de animesong, mas inclusive serviu de trilha sonora para o longa Detective Conan. My Sunshine Story, ainda mais em clima de animação japonesa, explora mesmo num pop/rock um vocal mais simples, contido, na dose correta. E Nande se mostra mais uma boa balada, deliciosamente construída, que seria ideal para o encerramento de um shoujo

E então, o carrinho da montanha-russa desce com toda força fazendo aquele frio tenso na barriga onde aparenta que a parte superior do nosso corpo é completamente amputada da inferior.

Ashita no Sora poderia até ser outra canção folk/country legal no álbum, com aqueles violinos e gaitas, mas peca em não ter nenhum momento marcante, tornando-se arrastada e caindo no limbo do esquecimento.

Assim também como a Kaze Koute Hana Yureru, que com o passar dos minutos até apresenta algum potencial no arranjo interiorano/eletrônico/roqueiro, mas a aura de canção de banda de casamento em seu inicio é um estrago que não pode ser desfeito…

O álbum atinge novamente um ponto alto (com o carrinho nos trilhos) na terrivelmente legal MONSTAR, um j-rock empolgadíssimo, com vocais mais ousados pedidos na interpretação e ótimos solos nos instrumentais. Ainda lá em cima está boa e sensual Renai Shousetsu, e a mais bela música contida nesse trabalho, Tokyo.

Sensível na medida e com um arranjo crescente, permitindo uma conexão maravilhosa com a interpretação vocal, se assemelhando até com algumas antigas canções lá da terra do sol nascente onde a simplicidade vocal se deixava imperar por um instrumental regional magnífico…

E ao contrário de todas essas coisas bonitas que eu disse acima está o que sobra do álbum. Esse é aquele momento em Premonição 3 onde dá defeito no brinquedo e todos começam a ter partes do corpo arrancadas na montanha russa.

Kaze ga Fuiteiru foi usada como tema de incentivo para os atletas japoneses nas olimpíadas de 2012, mas não sei se ajudou muito, pois ela é péssima.

Um nojo de tão exagerada. Indo completamente contra toda a proposta que foi tentada passar no CD, ela sai totalmente dos arranjos regionais e mergulha em uma panela de bosta pop, mais desprezível impossível.

Assim como em Nukumori, que mais me parece um plágio ou cover mal feito por uma banda de baile desfalcada de It's All Coming Back To Me Now, da sabiamente ignorada Celine Dion do que qualquer coisa…

É mesmo uma pena não haver nada de melhor nesse último trabalho do que em qualquer outra coisa da discografia desse grupo, sendo mesmo as melhores canções nele contidas indignas se comparadas com alguns atuais lançamentos do cenário. Mais capricho da próxima vez.

Confira abaixo alguns músicas: