Poucos são os artistas que influenciaram várias gerações ao longo do tempo, e um deles sem dúvidas é ele: Yutaka Ozaki. Nascido em Setagaya, Tóquio em 1965, era filho de uma dona de casa amorosa e um militar rígido, mas preocupado com seu futuro. Desde pequeno mostrava seu talento em festivais escolares, atraindo os olhares de todos os presentes. Yutaka sempre teve em seu “modo de ser”, um jeito rebelde e contestador, marcas presentes em suas composições.

Aos 16, Yutaka torna-se trainee da gravadora CBS (atual Sony Japan) e assim, perto dos seus 18, debuta com o álbum Seventeen’s Map.

Yutaka Ozaki – Seventeen’s Map (1983)

As músicas de Ozaki mostram uma juventude em conflito entre “ser quem o que é” e seguir o modo tradicional japonês da “hierarquia e submissão”, coisas que Ozaki rejeitava prontamente, muitas das vezes sendo alvo de críticas por tocar em assuntos muito sérios e contundentes, como a desigualdade social e o preconceito de uma forma geral. Juntando as letras e sua voz incansável, Ozaki era a imagem de uma juventude sempre ignorada, com seus anseios, inseguranças e sonhos, muitos sonhos.

As dores pessoais também tinham espaço, como em To All That I Hurt, em que Ozaki diz referir a si mesmo: “Falar com você é como jogar palavras no fogo / nenhuma palavra ou resposta é suficiente e nada funciona”. Suas angústias eram hinos para sua geração, mas também o amor estava em suas letras, como em Oh My Little Girl, em que Yutaka canta: “Oh, minha menina, caminharei com você ao amanhecer / e nunca, nunca irei te deixar”.

Yutaka Ozaki – Oh My Little Girl (1983)

Sua carreira fora totalmente conturbada, desde jovem sofrendo os assédios de uma fama repentina e intensa, com suas músicas cantadas por todo o Japão; a paz dos dias de anonimato eram apenas lembranças para o jovem Ozaki.

Além do assédio dos fãs, a mídia o perseguia, pois sendo jovem sensação do momento e de temperamento explosivo, era notícia por seu comportamento nos shows e principalmente na vida pessoal, como na vez em que se autoexilou para Nova York por um ano sem dar notícias à família e à gravadora.

Nos seus últimos anos de vida, Yutaka se dedicou à sua carreira e principalmente à sua família, se casando e tendo um filho, Hiroya, que mais tarde seguiria seus passos e se tornaria músico, cuidando de seu legado.

Com menos shows, mas sempre cheios, Yutaka seguiria sua carreira até 1992, quando a cortina do show da vida se fecha e, com isso, Yutaka Ozaki sai do palco, do seu maior espetáculo: a sua vida. Assim, Ozaki parte, mas deixa suas letras, seus pensamentos e seu legado.

Muitos artistas japoneses (e coreanos) bebem da fonte que Yutaka deixou em suas canções.

Yutaka Ozaki – Driving All Night (1985)
Yutaka Ozaki – The Night / 15 no Yoru (1983)

A verdade e o coração aberto são os maiores tesouros de um ser, e ele sabia disso. Hoje podemos ter contato com suas músicas pelo YouTube, graças às recentes disponibilizações das mesmas aqui no Ocidente, seja pelos apps de streaming de música ou mesmo pelo próprio YouTube, onde se encontram até as traduções (recomendo fortemente!).