Hino (Charles Baudelaire)

À bem-amada, à sem-igual,

À que me banha em claridade,

Ao anjo, ao ídolo imortal,

Saúdo na imortalidade!

 

Ela se expande em minha vida

Como ar impregnado de sal,

E na minha alma ressequida

Verte o sabor do que é imortal.

 

Bálsamo fresco que inebria

O ar de uma sagrada redoma,

Pira esquecida que irradia

Na noite o seu secreto aroma.

 

Como, ó amor incorruptível,

Posso expressar-te com verdade?

Um grão de almíscar invisível

A germinar na eternidade!

 

À bem-amada, à sem-igual,

Que me dá paz, felicidade,

Ao anjo, ao ídolo imortal,

Saúdo na imortalidade!

E é com este poema um tanto quanto… poético (wtf), talvez, que eu inicio mais uma You and Yuu. Por que decidi iniciar a matéria dessa forma? Ora, pessoas… Leiam e descubram.

Enfim, ou “em começo”, o tema de hoje é a adaptação para anime do polêmico (como mamilos) mangá de Aku no Hana. As opiniões costumam se dividir na hora de dizer qual dos dois foi o mais bem feito, o mais sombrio, o mais… interessante. Mas que foi polêmico, foi.

Repulsa, medo, angústia e a porra toda. Sentimentos desencadeados por uma simples assistida, com ou sem entendimento completo do enredo e afins.

Tem mente aberta e psicológico forte? Então leia, entenda e espante-se. Caso contrário, eu não recomendaria que você, leitor, assistisse esse anime. Mas ler a matéria pode, tá?

Enfim…

Let’s go, baby!

(Espaçamento dramático, só para fazer o mal.)

O protagonista de nossa trama chama-se Kasuga Takao, um garoto comum e viciado em livros. Apaixonado por Saeki Nanako, a menina mais bonita, inteligente e popular da classe, a vê como sua musa, sua femme fatale, sua Vênus, sua Virgem Maria (risadas eternas), seu amor platônico, sua “paixão-boba-e-pura-de-adolescente-versão-2D”, e por aí vai.

Como todo bom leitor, ele tem um livro favorito. E qual é o tal livro, no caso dele? As Flores do Mal (“Les Fleurs du Mal”, em francês), do autor… tcham-tcham, tcham-tchamCharles Baudelaire. A obra é excêntrica, fazendo uso de obscenidade, monotonia, tédio, “flerte” com a morte, etc. Nada inesperado para um dos pioneiros da Poética Simbolista.

(O poema escrito inicialmente teve um trecho citado no anime, para quem não notou. As legendas se compõem por outras palavras, mas possuem o mesmo sentido.)

Em algum momento, lá está ele voltando para casa juntamente com seus dois amigos, que não terão os nomes citados por serem completamente inúteis e falsos, após um rotineiro dia de aula. Logo, o rapaz nota que esqueceu-se de seu livro preferido na escola, então vai lá pegá-lo. Plenamente comum, né? Todo mundo se esquece de algo uma vez ou outra.

Ele entra na classe, pega seu livro e aproveita para dar uma de retardado, parando logo ali e pondo os olhos na paisagem. Normal, também, pois toda vítima da chamada paixão-boba-e-pura-de-adolescente-versão-2D tem seus momentos – quase todos, convenhamos – de “eu dormi na praça pensando nela, Seu Guarda”.

Mas, então, um barulho o chama atenção. É uma bolsa comum, se não fosse pelo tesouro intocável das adolescentes japonesas que lá está presente, que cai no chão. E não, não é uma calcinha que há dentro dela, e sim uma roupa de ginástica. E justamente a de sua femme fatale.

Daí você pensa: “Ah, velho, que ‘cagada’… Ainda bem que ele não fará nada e irá para casa.” Afinal, ele é um santo, ingênuo e fielmente apaixonado pela garota. Só que não.

Contrariando a razão, ele põe a roupa em suas mãos, com a cara toda abobada, até ser surpreendido por outro barulho (o dia dos barulhos, esse), agora semelhante a uma batida, o que o faz correr pelos corredores. E se você achou que a roupa ficou por lá mesmo, está enganado. Ele a levou para casa, pois deu vontade. Coisa normal, né não? Claro que é!…

… Tão normal quanto uma garota maluca, chamada Nakamura Sawa, chegar no cara e dizer: “Te vi pegar as roupas da Saeki. Quer que eu mantenha segredo? Então, vamos fazer um contrato.”

Mais normal que isso, não há!

O que posso dizer sobre esse anime que mal vi mas já considero pacas?

Aku no Hana é bastante difícil de compreender, embora tenha um enredo aparentemente simples e clichê. E o ponto de discussão não é só a história, como você, leitor, já deve saber.

As opiniões acerca dele são muito relativas. Uns dizem que o traço “cagou” tudo, outros dizem que o processo extremamente lento do desenrolar da trama foi o verdadeiro problema. Embora eu não tenha lido o mangá e, portanto, não possa falar muita coisa, não acho que isso tenha prejudicado tanto assim.

Mas, claro, ninguém é obrigado a concordar comigo.

Os protagonistas da trama são os seguintes:

Kasuga Takao: Sabe aqueles pré-adolescentes que perdem a inocência, seja em sentido sexual, seja em assuntos relacionados à vida, de uma forma repentina? Ele é como um.

Adoro fazer essa comparação, porque ele se força a manter uma inocência que normalmente se esvai com o tempo, graças à maturidade cerebral e coisa e tal. Biologia à parte, passei a me referir a ele como um “uke universal”, daqueles campeões quando o quesito é taxa alta de glicose no orifício traseiro.

Sem contar que ele se mostrou um grande sem personalidade, claro. A Nakamura, de quem falarei logo a seguir, é responsável por agravar no "””””ingênuo””””” garoto o sentimento de incompetência, de nojo de si mesmo, e ainda se diverte com isso. E, como é lerdo, ele vai na onda dela.

Ah, e essas aspas que você viu rodeando a palavra ingênuo, no parágrafo anterior, não foram simplesmente um bug do meu teclado. Claro que, como tudo que eu digo, pois eu sou “A” cara (-qqqqqqqqqqq), isso também faz sentido. Afinal, ele é tudo, menos um inocente completo, né gente?

Vida tediosa e resumida a ler, buscar uma fuga para outro mundo nessa leitura, sem admitir as mudanças que ocorreram na sua forma de pensar, bancar o senhor cult… e apelidar uma garota de Virgem Maria, tentando evitar seus pensamentos safadjenhos com ela e sentir-se puro?

Sabe, eu conheço uma palavra que poderia muito bem descrever a atitude dele: viadaji.

Resumindo em tags: garoto comum; gosta de livros; cagou a vida; é um “safadjenho” encubado; um masoquista/uke nato; um merda; vai atrás de quem só o faz sofrer.

Nakamura Sawa: Olhe bem para a garota da imagem acima. Linda, né? Saltitante, sorridente, fofinha…

não, pera.

Bem… ela é a seme do Kasuga (yaoi, yaoi anywhere). Uma completa bocó, talvez a mais idiota do anime todo. e-e

Normalmente eu gosto de um personagem mais pirado do juízo, mas essa… Essa daí me fez sentir um ódio quase indescritível. A forma com que ela se sente feliz em usar de seu sadismo com quem simplesmente é facilmente manipulável me fez… ficar com .

Se não fosse pelo método de animação, bem provavelmente eu não teria ficado tão mal em ver o Kasuga sofrer. Eu me senti como se fosse ele, podendo assim compreendê-lo, embora o veja como um típico fracote.

Acho que o traço ajudou a propiciar essa proximidade, essa sensação de “sou ele ali” e de “isso poderia ser comigo”.

Bem, a Nakamura é metida a valentona. Rebelde na escola, rebelde em casa, rebelde na vida. Mas, no fim de tudo, é como se ela estivesse mostrando, da maneira errada, o quanto precisa de alguém, como se quisesse chamar atenção.

Ela é a que mais quer ser diferente entre os protagonistas. Descontando seu ódio pela vida, por motivos que o anime não deixou claro, em todo e qualquer ser vivo, até encontrar um “brinquedo” especial para passar o tempo, no caso, o nosso uke. Afinal, ele é um uke universal.

E eis uma relação muito comum por aí: a entre o bolinador, e o bolinado (bullying, bullying também anywhere).

A jovem quer que o mundo se exploda e chama tudo de “lixo”, “merda” e seus derivados. Quer que todos sejam como ela se considera, sobretudo o Takao.

Resumindo em tags: paga de revoltada; é sádica; quer ser a senhora pervertida e arrastar o Kasuga consigo; é uma carente encubada; uma idiota; deve ter algum problema mental; camufla suas verdadeiras mágoas numa personalidade totalmente forçada.

Saeki Nanako: E enfim chegamos a ela – a Virgem Maria, a musa Vênus, o amor 2D de Takao. O motivo dos desejos ocultos do rapaz e de toda sua covardia, que é acompanhada pelo sentimento de culpa e o roubo das roupas de ginástica da jovem.

Ela é uma garota bonita, inteligente e popular de sua classe, mas parece ser muito frágil, tímida, fraca e dependente. Não dá para saber muito o que se passa na cabeça dela, e nem se ela realmente é desse jeito, então não sobra muita coisa para dizer.

Resumindo em tags: (Procurando… FATAL ERROR).

E é isso.

Sexta-feira que vem, vocês, liendjos~ e pacientes leitores da J-Hero, poderão ficar por dentro de meu ponto de vista sobre os componentes do enredo e suas vantagens e desvantagens no resultado final dessa adaptação para as telinhas.

Alguma opinião, comentário ou sugestão? Sim? Então se “aprochegue” mais e não deixe esta redatora tagarela falar sozinha, beleuza~? -q

Um beijo, um queijo e um copo de leite, pois vivo nos “uns”.

Bye, bye!

(Eu acho o Kasuga tão… tão uke! *-*)