[Desculpem a todos por mudar o padrão de nossas matérias na Rádio J-Hero, mas não tinha como não começar essa matéria com o clipe. Uma simples imagem não iria dar contar de expressar a proposta desse texto.]

Na onda dos 20 anos de muita série boa lançada no mundo da Cultura Pop Japonesa a Otaku JukeBox vem especialmente neste domingo de Dia da Mães (por sinal, um Feliz Dia das Mães as todas as mães que tem que aturar os seus filhos otakus e àquelas que são otaku) relembrar a estreia de Guerreiras Mágicas de Rayearth nas sessões animadas do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) do engenhoso Senor Abravanel, o queridíssimo Sílvio Santos.

Para quem ousou dizer que enquanto estiver vivo sua emissora de TV exibirá desenhos animados, ele merece o respeito de muita gente… Mas deixemos isso de lado.

Dois anos após a estreia de Os Cavaleiros do Zodíaco – febre consolidada na mídia brasileira em 1994 – a Rede Manchete passou a investir em massa na aquisição de animês para a sua grade de programação (Ver box CURISIDADES).

Contudo, a emissora carioca não contou com o insight da direção de programação do SBT, que se lançou em concorrência ao sucesso dos animês ao exibir em suas manhãs Magic Knight Rayearth, por aqui as Guerreiras Mágicas de Rayearth.

No dia 05 de maio, o SBT apresentava em suas manhãs Lucy (Fuu), Marine (Umi) e Anne (Hikaru) na voz da já conhecida entre os pretensos otakus dos anos 90, a paulista Larissa Tássi, que cantava o tema de abertura "Guerreira Mágicas".

O animê trazia as aventuras dessas três meninas reunidas para resgatar uma princesa de outra dimensão, mágic apor sinal, e para isso precisavam reunir os poders do Fogo, do Vento e do Mar e seus mashins, espíritos guerreiros chamados de Rayearth, Ceres e Windam para derrotar Zagato, o sumo sacedorte do mal.

Ouça a faixa completa “Guerreiras Mágicas” tema de abertura de GMR:

Assim, dava-se início a um dos projetos de animês mais marcantes da TV Brasileira fora da Rede Manchete. Não tem como não dizer que Guerreiras Mágicas de Rayearth foi sucesso de cara. Sou capaz de afirmar que elas foram o real motivo para o não sucesso inicial de Sailor Moon e uma “disputa de mahou shoujos em terras tupiniquins” (ver box CURIOSIDADES).

Essa disputa, diga-se de passagem, serviu também para mostrar ao fã brasileiro dos anos 90 que não era apenas a Editora Sueisha (e sua parceria com a Toei Animation) que produzia animês de qualidade e que, o gênero shoujo tinha um lar mais que garantido em uma outra grande editora de mangás nipônicos: o grupo CLAMP.

Produzido pela estúdio Tokyo Movie Shinsha (com exibição original pela Yomiuri TV entre 1993 e 1995) o animê das representantes do Fogo, Vento e Mar foi o que falta para o Brasil aderir a onda dos mais diversos gêneros dos desenhos japoneses.

Vale lembrar que nem Sailor Moon e muito menos GMR foram os primeiros shoujos, que teriam seu ápice anos depois com Cardcatpor Sakura no Brasil. Nas décadas de 1960 e 1970, o gênero apareceu de forma esporádica na TV do país (Ver box CURIOSIDADES).

Ouça na sequência o tema de encerramento de GMR, a canção “Poderes Mágicos” na voz de Sara Regina:

Bom, mas como este texto é uma espécie de tributo na nossa coluna de animesongs… Sim o que vocês já começaram a acompanhar é nossa apresentação do CD – Guerreiras Mágicas de Rayearth!

Com oito faixas sendo seis delas inéditas, o CD que leva o nome do animê apresenta Larissa Tássi (já sem o William) e Sara Regina acompanhadas dos backing vocals de Fabíola Pires, Fátima Regina, Marize Rezende, Silmara Rezende, Nair de Candia, Cláudia Ferrete, Cristiane Firmo e Karina de Freitas! Ufa! É moe demais para um CD só!

A produção musical ficou por parte de Augusto César (faixa 01) e Lúcio de Freitas (faixas 02 a 08) o dono do Estúdio Gota Mágica responsável pela dublagem da série. O selo ficou por conta da gravadora Sony Wonder. A obra é tratada por alguns sites especializados em produção musical, e que dão foco para as animesongs brasileiras, como o melhor trabalho feito no seguimento em solo nacional.

Com destaque para seu projeto de marketing com o CD contendo letra das músicas, artes conceituadas de capa e contracapa, as logos na versão BR e USA… Enfim: um luxo que ainda contava com a versão K7, pois os tempos ainda eram de transição.

A exceção do tema de abertura do animê cantado por Tássi, todas as demais faixas levam a voz de Sara Regina como protagonista nas músicas.

A número 03 “O exterminador de sonhos” tem uma curiosidade. É a única do álbum que faz alusão a segunda fase da série ao trazer à baila a história da Princesa Esmeralda.

Ouça a faixa 03:

As faixas 04 e 05 “Vento, fogo e mar” e “Amigas Guerreiras”, respectivamente, seguem uma pegada contagiante sobre o universo do animê e exalta a presença do trio de mahou shoujo que dominou a tela do SBT em 1996!

Ouça a faixa 04:

E também a faixa 05:

As faixas restantes, 06, 07 e 08, respectivamente, acabam que levando a marca Lúcio de Freitas de animesongs (seria ele o “Pai das animesongs BR”?) e, assim como no álbum de CDZ dedica-as às protagonistas com cada uma ganhando a sua.

Mas antes de falar das canções finais…

Nada como fazer homenagem a este anime do que procurando curiosidades sobre ele. A Otaku JukeBox foi alguns dados curiosos em torno de Guerreiras Mágicas de Rayearth, seu contexto histórico, além de alguém que viveu com intensidade à época para falar do sucesso do animê.

Quem topou falar conosco foi a pesquisadora de Cultura Pop Japonesa e jornalista Sandra Monte, autora do livro A Presença dos Animês na TV Brasileira (Editora Laços) e administradora do blog Papo de Budega (Cultura Otaku e Geek). Muito fã de Guerreiras Mágicas de Rayearth, ela deu seu depoimento a respeito da série e dos perrengues que viveu para poder acompanhá-la.

Confira o rápido depoimento de Sandra Monte e em seguida veja o nosso box CURIOSIDADES.

Voltemos então ao CD…

Ficou faltando apresentarmos as faixas dedicadas as meninas Lucy, Marine e Anne. Pois vamos a elas.

A faixa número 06 “Anne” ficou para a guerreira do Vento e traz em sua letra justamente a proposta de comentar o elemento, que é dúbio ao ponto de ser brando e arredio com uma simples mudança. Marcas também da personalidade da mahou shoujo.

Na faixa seguinte, a número 07 “Lucy”, é a vez da guerreira do Fogo ter seu destaque. Como na canção anterior a essência do elemento da mahou shoujo se conflue com a personalidade da garota e traz uma letra bem suave e cheia de impressões.

O CD fecha suas canções com “Marine” a faixa 08. A guerreira do Mar baila em meio a uma introdução no clima tropical ao sons das gaivotas aquela sensação de maresia.

Se formos falar de música ainda tem muita coisa ser dita. Com três aberturas na versão original e vários outros álbuns e OST, Guerreiras Mágicas de Rayearth foi comercialmente rentável durante seu auge para muita gente.

Entre as aberturas da versão japonesa do animê, Yuzurenai Negai por Naomi Tamura (opening 01) é, sem dúvida, o maior sucesso entre os fãs da versão japonesa e de todos os tempos nos animesongs já feitos! É tão bom que lhes ofereço o videoclipe oficial.

Para quem deseja, hoje em dia, acompanhar essa história – além dos meios alternativos – pode adquirir o mangá na versão brasileira disponibilizado pela JBC Mangás.

Até a próxima e… Sayonara!

 

FONTE PESQUISADAS:

MONTE, Sandra. A Presença do Animê na TV Brasileira, Ed. Laços, São Paulo-SP, 2010.

SATO, Cristiane A. O Poder da Cultura Pop Japonesa. NSP Hakkosha, São Paulo, 2007.

TRILHA SONORA BRASILEIRA ANIME. Ficha Técnica Trilha Sonora Brasileira de Guerreiras Mágicas de Rayearth. In:https://tsbanimeoficial.wordpress.com/2013/03/31/ficha-tecnica-tsb-guerreiras-magicas-de-rayearth/#more-1170. Acesso em: 05 de maio de 2016.

WIKIPEDIA. Guerreiras Mágicas de Rayearth. In: http://bit.ly/1TeZjhr. Acesso em: 05 de maio de 2016.