(A partir de agora o brasileiro fã de mangá vai passar a ter novas formas de consumir seus títulos. Foto: Divulgação)

 

 

Confesso que nunca vi um frisson tão forte sobre os anúncios de um mangá no Brasil em 2017, e olha que o anúncio e lançamento de Re:Zero pela NewPOP moveu muitos fãs e a mídia especializada. Mas ninguém esperava (ou ao menos não tinha mais esperanças) que a Editora JBC finalizasse o ano com lançamento de mangás em formatos digitais.

Após revelar em eventos durante o ano que o seu serviço de mangás online – o Henshin Drive – não estava em condições concretas de execução devido questões técnicas e de licenciamento de títulos, a editora não deixou esmorecer o desejo de investir no mercado virtual para quadrinhos japoneses. Isso justificaria de forma mais contudente a decisão da empresa em maio deste ano, quando iniciou uma campanha de retirada de títulos publicados por ela de sites de scanlations existentes a rodo na web nacional. A Hikari chegou a comentar isso, mas na época nosso foco foi a grosseria de alguns nomes da editora junto ao público nas redes sociais.

O que já se pode dizer é que a JBC procurou eliminar toda e qualquer concorrência desleal. Não uma concorrência física, como alguns ainda são levados a comentar, mas sim uma concorrência virtual. A empresa pretendia em 2017 iniciar seu serviço de comercialização de mangás no formato e-book e era necessário abrir os caminhos. Isso é o que se pode concluir.

Um exemplo é Fairy Tail, título expressivo da editora que foi retirado dos sites de scans e agora é uma das apostas da empresa nessa iniciação junto ao mercado de e-books. Primeiramente com apenas os quatro volumes iniciais, Fairy Tail se junta a outros onze títulos nas estantes virtuais de livrarias como Amazon Kindle, Kobo e Google Play Livros.

Sites como a Biblioteca Brasileira de Mangás e o Mais de Oito Mil se preocuparam em colocar essa pauta em bastante voga. O primeiro faz quase que uma cobertura em tempo real de toda novidade informando cada novo título que fica disponível para compra e seus valores; já o segundo – não tão fervoroso em fazer marketing para as editoras – mostrou preocupação com o público e decidiu avaliar o conteúdo desses formatos e-books (se valeria mesmo a pena ou não adquirir). 

Até o momento todas as avaliações são positivas. A Hikari também buscou fazer suas avaliações e pode afirmar que a proposta de consumir mangás em formato digital não é nem um pouco ruim e a qualidade dos e-books da JBC é agradável. Ajustáveis às dimensões dos e-readers (dispositivos eletrônicos de leitura) e smartphones com reading apps, os mangás ganham a funcionalidade de estarem disponíveis a um clique, adiquridos em real time sem precisar esperar as entregas medonhas dos Correios e relativamente mais baratos que suas versões físicas. Esse ponto é muito importante porque atualmente as editoras que já trabalham com e-books acabam não diferenciando muito os preços entre a versão física e a digital, mas a JBC ao entrar no mercado digital tenta ganhar público fazendo preços camaradas. Esperamos que se mantenha assim!

Essa questão preço é complicada e sempre será. Um exemplo já visível é o próprio Fairy Tail que atualmente custa R$ 14,90 na versão física (preço já reajustado) e que na versão digital sai por R$ 12,00. Você pode considerar que a diferença de preço é inexistente, mas não se esqueça de um detalhe crucial: você não vai pagar frete! Logo, com frete seu mangá de R$14,90 passa a custar quase R$ 30,00 em média e você leva 15 dias para receber dependendo de que parte do Brasil está. Na versão digital é pagou recebeu na hora!

Há também casos como o de The Ghost in The Shell que na versão física custa R$ 64,90  e na versão digital está por R$ 45,50. Outro fator que se deve levar em conta é que a JBC sempre foi uma editora que buscou fazer alguma espécie de trabalho envolvendo mangás nacionais. Nunca conseguiu ser mais concreta com suas ações, mas aquilo que fez gerou algumas publicações como os dois volumes do Henshin Mangá (uma coletânea de one-shots de mangakás brasileiros) e os Combo Rangers, mangá nacional de Fábio Yabu, Cláudia Medeiros e Sidney Lima.

Com o formato digital a empresa agora tem um novo caminho para incentivar a produção nacional. Isso porque economicamente falando é mais barato produzir uma versão digital de um mangá e na teoria você não terá prejuízos com a não venda de volumes impressos. Sem falar que nossos mangás vem crescendo a cada dia, prova maior é a grande participação de brasileiros em prêmios como o Silent Manga Audition Awards.

 

Entre os mangás da JBC que já estão no formato e-book pelo selo JBC Go Digital estão:

Blame! –  apenas 7 de10 volumes (cada volume por R$16,50)

Fairy Tail – os quatro primeiros volumes (cada volume por R$12,00)

Fort of Apocalypse – apenas 9 de 10 volumes (cada volume por R$12,00)

The Ghost in The Shell – volume único (por R$45,50)

The Ghost in The Shell 2.0 – volume único / ainda em pré-venda (por R$32,23)

Knights of Sidonia – os quatro primeiros volumes (cada volume por R$12,50)

The Seven Deadly Sins – os 10 primeiros volumes (cada volume por 12,00)

 

 

Além desses as versões digitais dos nacionais Henshin Mangá e Combo Rangers também estão disponíveis com preços variando de R$ 9,00 à R$ 27,90 por volume. Ainda devem ser divulgados Battle Angel Alita, Samurai 7 e Ultraman. Se você quer experimentar esse tipo de leitura os mangás já podem ser adquiridos nas lojas Kindle da Amazon. Para os demais serviços – Rakuten Kobo, iBooks e no Google Play Livros nada ainda muito concreto. No Google Play Livros você só encontra o Henshin Mangá por enquanto. No Rakuten Kobo nada disponível. Não conseguimos resultados no iBooks.

O certo é que esse é um passo fundamental para novas incursões no mercado nacional de mangás. Não é um ineditismo visto que no início deste mesmo ano a Editora Conrad (sim ela ainda existe!) resolveu disponibilizar Gen Pés Descalços – seu primeiro mangá publicado – também no formato digital na plataforma Social Comics. O serviço de assinatura para amantes de quadrinhos reúne também títulos da editora Alto Astral e as versões de mangás nacionais da NewPOP e da própria JBC.

Também não é novidade que no Japão o consumo de mangás digitais já não é algo incipiente. A própria Kodansha, uma das grandes do mercado nipônico, desde 2015 publica suas revistas de mangás também em formato digital em plataformas como Amazon Kindle e Rakuten Kobo.

Resta à Hikari parabenizar a Editora JBC e desejar a eles sucesso nessa nova empreitada e que em 2018 o mercado nacional de mangás só venha a ganhar com essas atualizações.

Até a próxima e… Sayonara!