Sakura Card Captors é um marco do mundo dos mangás no Brasil, sendo um dos primeiros a ser publicado na forma original de leitura oriental. Criado pelo grupo CLAMP, o mangá foi serializado na revista Nakayoshi da editora Kōdansha de 1996 a 2000, sendo posteriormente compilado em 12 volumes. Sua história cativante e sua arte inovadora o tornaram um grande sucesso não apenas no Japão, mas também nos Estados Unidos e no Brasil, conquistando uma audiência global de todas as idades.

A história ganhou vida nas telinhas através de uma adaptação em anime produzida pela Madhouse em 1998, tornando-se uma parte importante da infância de muitas pessoas, independentemente do sexo e da idade, mas especialmente as meninas da época. No Brasil, foi transmitida pelo Cartoon Network em 2000 durante a era CN City, na Rede Globo em 2001 na TV Globinho e, posteriormente, no canal de TV a cabo Boomerang em 2006.

Enredo

A trama gira em torno de Sakura Kinomoto, uma doce e gentil estudante de dez anos que vive no Japão, na cidade de Tomoeda. Um dia, por acidente, ela abre o livro Clow em sua casa, liberando acidentalmente 52 cartas mágicas que causam caos na cidade. O guardião das cartas, Kerberos, uma criatura que se parece com um pequeno urso de pelúcia, emerge do livro e informa a Sakura que é sua responsabilidade capturar todas as cartas antes que algo terrível aconteça, transformando-a assim em uma Cardcaptor.

A história se desenrola ao longo de 70 episódios ou 12 volumes do mangá, revelando uma narrativa encantadora e envolvente. Sakura enfrenta diversos eventos misteriosos em Tomoeda, todos relacionados às estranhas cartas que ela deve capturar. Ela mantém sua identidade em segredo com a ajuda de Tomoyo, sua melhor amiga, e Li Syaoran, um jovem Cardcaptor rival que veio da China. Além disso, Sakura busca se aproximar de seu primeiro amor, Yukito, que é também o melhor amigo de seu irmão mais velho.


Cada uma das Cartas Clow possui poderes distintos, como o Vento ou a Escuridão, e, após sua captura, transferem seus poderes para Sakura, que utiliza seu bastão mágico e palavras mágicas para dominá-las. Conforme a história avança, novos personagens são introduzidos e o passado das cartas é revelado, enquanto segredos sobre a própria Sakura vêm à tona, mostrando que ela não é uma garota comum e que possui um destino único a cumprir.

Polêmicas

Sakura Card Captors: O Espelho

Embora não pareça à primeira vista, Sakura Card Captors foi um dos animes mais polêmicos daquela época, embora não tanto quanto o mangá, já que várias partes foram cortadas ou suavizadas para se adequarem ao público mais jovem da época. No entanto, essa obra abordou temas realmente mal aceitos, especialmente na década de 90, quando foi lançada, e esses temas ainda são relevantes atualmente.

No primeiro caso, embora menos óbvio, está o amor de Tomoyo, melhor amiga e prima da protagonista, por Sakura. Em vários momentos ao longo dos episódios, Tomoyo admite que seus sentimentos são diferentes do que Sakura imagina e chega a dizer: “Quando você for mais velha, eu te conto”. Assim, mesmo sendo jovem, Tomoyo é apresentada como uma personagem que lida precocemente com sentimentos complexos na obra.

O segundo tema, ainda menos visível, é a possível relação especial entre Yukito e Tōya. Poucas pessoas podem ter percebido, mas fica bastante claro por meio de pequenas ações, como quando Tōya, após recusar uma garota, afirma que já existe alguém de quem ele gosta. Além disso, algumas garotas da mesma escola afirmam que eles nunca se envolveram romanticamente com nenhuma garota de forma evidente. Outro indício é quando Yukito diz que Tōya é a razão de sua felicidade em sua forma humana e vazia.

Por último, aborda-se a questão da relação aluno e professor, com nuances de preocupação ética: uma das melhores amigas de Sakura, Rika, afirma estar apaixonada pelo professor Yoshiyuki Terada, e, em várias ocasiões, a série sugere que esse sentimento pode ser recíproco. No mangá, essa relação é mais explícita, com os dois personagens realmente namorando, enquanto no anime é retratada de forma mais leve, como uma paixão de uma estudante por seu professor. Independentemente da mídia, a dinâmica levanta questões sobre apropriacão de idade e poder nas relações.

Abertura, 1998.