Após os inúmeros previews, comentários de outros sites, blogs e de youtubers, vocês provavelmente já sabem que o 4minute fez o seu comeback essa semana com mais um mini-álbum, sétimo da carreira delas, apropriadamente intitulado de Act. 7.

Além disso, vocês já devem saber que a faixa escolhida como lead single do material todo se chama Hate e é uma colaboração com o DJ Skrillex, muito conhecido por suas batidas de dubstep, além de já ter feito parcerias com artistas tipo o Justin Bieber, a Rihanna, a Ellie Goulding e os também coreanos CL e G-Dragon.

E também já devem ter ouvido de alguém – ou mesmo pensado – sobre o quanto a música é estranha por conta de sua variação, saindo de uma quase balada bastante melódica que vai crescendo, até que todo o instrumental desaparece, dando lugar à batidas quase esquizofrênicas no refrão. Estou certo?

Enfim, confiram o MV:

Bom… Eu achei isso tudo maravilhoso.

Não sei vocês, mas acho divertido o desenvolvimento dos grupos coreanos ao longo dos anos. O caso de HyunA e Cia é um dos mais curiosos. Assim como boa parte de suas colegas de outras gravadoras na era de ouro do K-Pop, elas lançavam – enquanto adolescentes – essas faixas dance gostosinhas com videoclipes gravados dentro de cenários quadrados e futuristas, vide Hot Issue, I My Me Mine e Mirror Mirror. Mais pra frente, elas resolveram deixar essa aura sexy um pouco de lado e apostar num conceito mais sátiro e divertido, quase que tirando sarro de tudo em seus clipes, isso enquanto as batidas do seu som começavam a se tornar cada vez mais próximas do Hip Hop que de EDM, como em What’s Your Name? e Watcha Doin’ Today.

Entretanto, a grande guinada veio a partir do sexto EP delas, onde a imersão no universo adulto finalmente aconteceu, primeiramente com a ótima balada Cold Rain e atingindo seu pico com o MV de Crazy, minha canção favorita do ano passado.

E como essas cinco meninas que agora são mulheres e sua gravadora, a CUBE Entertainment, deveriam agir após isso? Retornar com o que faziam antes seria burrice e incoerente. Logo, a melhor decisão foi seguir crescendo num som mais amadurecido.

Hate é o release mais internacionalmente palatável do grupo até hoje. É facílimo imaginar a faixa na voz de uma cantora high profile como a Rihanna, ou mesmo de artistas atualmente considerados mais cools, experimentais e alternativos, como a MØ, o The Weekend, a Elliphant ou qualquer um num feat. com os grupos Major Lazer ou Jack Ü – na verdade, a faixa estaria perfeitamente em casa no mais recente álbum do duo, cujo um dos membros é justamente o seu produtor, Skrillex.

E o mais interessante de tudo isso é que nada aí soa caricato, já que o 4Minute tem anos de estrada e consegue mesmo passar a credibilidade para algo tão fora-da-casinha. Por exemplo, comparem Blame, single do Calvin Harris em parceria com o cantor britânico John Newman. A montagem das canções é basicamente a mesma: um midtempo que vai crescendo nos versos até que o refrão exploda em batidas eletrônicas que não se assemelham com o que já havia sido mostrado antes…

Enquanto na do 4Minute há uma aura onde, mesmo que tudo soa muito diferente e afastado, podemos entender que a coisa toda foi propositalmente pensada dessa maneira, na parceria europeia, o que parece é apenas uma colagem de conceitos grudados para soarem bem nas pistas e raves.

Voltando para o oriente e utilizando um exemplo que também é coreano…

Uma leva de comentários parecidos ocorreram quando o 2NE1 lançou o lindíssimo MV de Come Back Home, faixa que carregava o seu segundo álbum, Crush, em 2013. Muito foi falado sobre a mistura de reggae com dubstep começar de sei lá onde e ir parar em lugar nenhum, sendo mais pretenciosa em soar diferentona e inovadora que, de fato, conseguindo isso. Particularmente, acredito que desse mal o 4Mminute não sofreu, já que Hate realmente é diferentona e inovadora – dentro da cena sul coreana, pelo menos.

Finalizando. Num geral, minha reação com Hate foi parecida com a do youtuber JREKML:

Um pouco apreensivo sobre o que viria, me assuntando o refrão…

Depois me empolgando com o que estava acontecendo…

E me deixando levar pelo pancadão de vez…

Não esperem que os seus idols favoritos permaneçam fazendo as mesmas músicas conforme os anos forem passando, galera. Artistas amadurecem, assim como o seu público geral. Para se manterem em alta, eles sempre irão buscar tendências atuais ou tentar agir como vanguarda para o que virá futuramente. A vida é assim.

Caso tenham se interessado, o EP já está disponível em diversas plataformas de streaming, incluindo o Spotify, cujo player está aqui abaixo. Além do single, Act. 7 conta com mais três faixas inéditas, produções de Seo Jae Woo e Son Young Jin e letras co-escritas da HyunA e da Jiyoon.

P.S.: Meus comentários sobre o single letárgico da Taeyeon virão amanhã ou sábado. Aguardem pacientemente, caros fãs… :v

P.S.2: Por favor, não entrem nessa de que o 4Minute está copiando o 2NE1. Tá feio ler comentários do tipo por ai…