Todos conhecem esse tipo de garota, não é? Desse tipo mesmo, que é bonita, mas não é sensual. Pior, quando tenta sensualizar, arranca gargalhadas de tão engraçada e caricata que fica. Desse tipo que não sabe dançar, mas dança assim mesmo. Que não deveria fazer piadas, pois não tem talento pra isso, mas nos faz rir de tão sem sentido que é a anedota, ou então por não aguentar ir até o final e se engasgar de tanto rir.
Sabem aquela que dorme no meio da aula de matemática, mas acorda exatamente antes do sinal tocar? É dessa mesma que estou falando, eu sei que vocês conhecem uma.
E, caso não tenham tido uma experiência com uma ou umas ao longo da vida, lhes apresento cinco delas: Irene, Seulgi, Wendy, Joy e Yeri. Ou, caso prefiram, Red Velvet.
Debutando em um momento um tanto estranho da SM Entertainment – onde as atenções deveriam estar voltadas para o comeback do F(X), interrompido por problemas de saúde de uma das integrantes, alem da completa falta de explicação da saída da Jéssica do Girls’ Generation.
Minha primeira impressão ao escutar a exagerada Hapiness foi tão agradável quanto a de ter formigas devorando meus olhos. Mais tarde, me surpreendi positivamente com o segundo single, Be Natural, um cover delicioso que ia contra toda a imagem colorida, fofa e reluzente do que foi mostrado anteriormente. A partir desse ponto, tive a impressão de que essa banda teria um trabalho futuro muito confuso em relação a conceitos.
E ao ouvir o seu mais recente lançamento, o mini-álbum Ice Cream Cake, isso se confirmou. Porém, não é como se isso as tornasse ruins. Olha, pelo contrário…
Como descrevi no início desse texto, esse novo grupo passa a imagem da garota que quer ser sexy, mas soa atrapalhada. Me entendem?
Por exemplo, a faixa que dá nome ao EP e abre os trabalhos é uma mistura tão louca de sintetizadores eletrônicos e vocais, adocicados e infantilizados, viciantes em uma letra sacana que me lembram muito os grupos de Bubblegum Pop formados em desenhos animados antigos da Hanna Barbera – lembram de Josie e as Gatinhas? -, ou mesmo os vocais femininos mais Pop lá do Japão, muito usados em aberturas de Shoujos. É absolutamente sensacional.
E, como eu disse que tudo era uma grande confusão, a canção seguinte foge de tudo isso. Automatic é uma declaração de amor em forma de semi-balada Pop. É o casamento perfeito entre a simplicidade do arranjo instrumental e a contenção vocal do quinteto. Já o videoclipe, um dos melhores da última década. A cena em preto e branco delas dançando atrapalhadas sob a luz do farol do carro é impagável.
E continua bom daí pra frente. Somethin Kinda Crazy é um Popão Old School gostosíssimo e carregado de timbres retrô, como os usados no baixo e nos teclados, remetendo muito aos trabalhos da Madonna no início da carreira. Ainda nessa linha antigona está Stupid Cupid, que me soa como o remix de alguma faixa retirada da trilha sonora de um filme antigo. É animada e brinca com o uso das backing vocals.
Por fim, as baladas Take it Show e Candy encerram a experiência de forma agradável e competente. Ambas detêm uma riqueza instrumental e vocal invejável, respondendo exatamente como deve se portar musicalmente um girl group.
Como eu expliquei, para mim o Red Velvet é o K-Pop feito por aquelas nossas amigas de infância, primas, irmãs ou vizinhas que tentam parecer gostosas rebolando e fazendo caras e bocas ao som de Anaconda, mas tropeçam depois de 10 segundos e arrancam risos incontroláveis de todos ao redor. Se continuarem com essa imagem e essa pegada sonora, vão chamar bastante atenção nessa cena oriental repleta de imitações do SNSD…