Um dos maiores motivos para atestar que o Japão não é um país perfeito é o fato de o grupo AKB48 ter vendido mais de um milhão de cópias do seu novo CD por lá. Para quem não conhece, essa girl band gigantesca, com trocentas integrantes e mais uma porrada de sub-grupos e já é há alguns anos a grande sensação pop por lá.
Porém, assim como outros exemplos de “divas” que existem lá fora e até aqui no Brasil (Pre-pa-ra! ), as jovens imaculadas e super lindinhas não possuem em sua discografia nada de aproveitável.
E isso não mudou em nada agora, com o lançamento do álbum triplo Tsugi no Ashiato, cujo a tradução do título é algo como “Um pé após o outro”. Mas não é bem assim que foram as coisas…
No trabalho há um disco com algumas das canções lançadas como single independentes desde o último trabalho, em 2012, um com uma mescla de faixas inéditas e algumas apresentações ao vivo e mais um, cujo a maioria é de canções novas nunca lançadas. Será sobre esse que falaremos aqui.
A canção que abre os trabalhos se chama After Rain, que até poderia ser divertida caso não houvesse um exagero de instrumentos de sopro, deixando-a maçante e intragável.
Tal besteira se repete nas faixas Kakushin ga Moterumono, Team Zaka, Boka Wa Ganbaru e Eien yori Tsuzuku you ni. Todas desprezíveis, dando a impressão de que estamos escutando a mesma coisa feliz e pasteurizada repetidamente, tal como um mantra.
As coisas simulam ficar mais agradáveis em Gugutasu no Sora, onde há um apelo mais saudosista assemelhando-a à faixas femininas que serviram para aberturas de grandes animes, como Sailor Moon e Sakura Card Captors.
Na doce Boy Hunt no Houhou Oshiemasu, que segue a linha das baladinhas açucaradas apresentadas pela banda Puffy AmiYumi e na boa JJ ni Kuritamono, que possui uma construção interessante, com disco music e eletrônico tal como o Get Lucky, do Daft Punk, fazendo-me sentir como se estivesse jogando Sonic. Mas nada é realmente aproveitável, visto os exageros de autotune nas vozes colocadas.
Mas as coisas ficam feias mesmo nas músicas Shower no Ato Dakara, 10 Krone to Pan, Tsuyosa to Yowasa no Aida de. Na primeira, pois a tentativa de colocar vocais sussurrados com o intuito de soar sensual não colou, já que a linha electropop quase infantil, que poderia ser usada em um comercial de iogurte, não permitia isso.
Já a próxima, por parecer um cover grotesco da entediante banda Roupa Nova. A última, sendo a pior canção, por apresentar todas os erros que podem tornar uma balada japonesa brega, histriônica e digna de pena.
Pois bem, não percam seu tempo escutando-as. Há muito mais o que se aproveitar no meio musical pop oriental. Nem tudo o que vende muito representa um selo de qualidade.