Assim como na primavera japonesa, eu Kurama-gil e Neto-kun nos reunimos no fim do verão nipônico para destacar mais um animê shoujo que nos chamou a atenção. O escolhido da vez foi Koi to Uso. Baseado no mangá de Tsumugi Musawo, Koi to Uso – literalmente traduzido como Amor e Mentiras – é uma expécie de romance adolescente regado a muito melodrama e temas polêmicos. Com o sentimento do amor sendo o grande destaque da trama levantamos assim duas abordagens feitas ao longo do animê: (1) a do amor como um sentimento de coexistência e organização social, um instrumento mecânico; (2) o amor como um catalizador de desejos, um ideal humano.

Mas antes de nós três apresentarmos nossos comentários deixa eu destacar informações sobre o animê. Koi to Uso é uma trama que no mangá continua (já estando em seu sexto volume sendo publicado desde 2014). Para além de seus 12 episódios a narrativa se expande para o cinema com a estreia de seu live-action agora no mês de outubro. Legal isso né? Acaba que Koi to Uso foi pensado numa lógica de media-mix onde o animê iria impulsionar de forma exponencial o filme. Mas será que é isso mesmo? Bom, quem viu minha matéria sobre os animês nos serviços de streaming on-demand publicada em agosto deve ter se tocado que esse animê não figurou entre os mais vistos. As resenhas feitas por outros sites também não são nada positivas. Fora que pouco se ouve falar de como ele repercutiu no Japão. As primeiras bilheterias desse filme dirão o destino dessa história.

Formam o comitê de produção de Koi to Uso o estúdio Liden Films, a produtora Sendai Filmorks, a editora Kodansha (dententora dos direitos autorais), o serviço de streaming Animax Asia e os canais de TV Tokyo MX e AT-X, para citar os mais importantes. Em sua sinopse somos apresentados a seguinte história:

No futuro próximo, as crianças que completaram 16 anos são atribuídas pelo governo a um parceiro com base no cálculo da compatibilidade, para aumentar a taxa de natalidade do país. Aqueles que não seguem as regras do governo de ir com o parceiro atribuído sofrem severas penalidades. Yukari Nejima finalmente confessa seu amor a colega de escola que ansia por muito tempo, Misaki Takasaki, e descobre que ela também tem sentimentos por ele. No entanto, quando ele completa 16 anos, ele recebe uma outra garota, Ririna Sanada, como esposa designada. A garota não está emocionada por ser designada, e está muito disposta a deixar Yukari relacionar-se livremente com Misaki para que ela possa aprender o que realmente é está apaixonado. A história segue suas aventuras dos adolescentes enquanto eles tentam se relacionar um com o outro enquanto mantêm aparências com o governo.

Tenso né? Envolve intrigas, crítica social e muita, mas muita lambança por parte do nada popular Yukari Nejima. Vamos aos comentários!

 

Comentário do Neto-kun

Fala pessoal, Neto-kun aqui e hoje queria deixar algumas impressões a respeito do anime Koi to Uso. Primeiramente gostaria de falar um pouco sobre a minha grande decepção, e sim, estou me referindo a cena final do anime (que me decepcionou muito), pois mais uma vez o clichê mais irritante possível é usado novamente, utilizando o desagradável protagonista que não consegue escolher ninguém.
 
Galera, eu até entendo que existe a preocupação de não desagradar o fandom, que se dividiu entre as duas protagonistas femininas (Misaki e Ririna), mas mesmo assim isso é muita sacanagem dada a proposta inicial do animê que era a seguinte: o protagonista deveria escolher entre ir contra o sistema ou a favor dele. E o que você acha que ele fez? Ficou em cima do muro! E o final ficou em aberto. Espero que pelo menos haja uma continuação.
 
Apesar disso Koi to Uso foi um ótimo exemplo de um slice of life que não é enjoativo, possui bons personagens (principalmente a Ririna é claro), uma boa história e entrega quase tudo o que se espera dele. Vamos falar um pouco dos personagens que se destacaram na minha opinião.
 
 
Sanada Ririna – Coloco ela como a melhor personagem do anime, pois acredito que ela atendeu as minhas expectativas no que se diz respeito a bons protagonistas (ao contrário do Yukari). Ela foi uma das únicas personagens que se desenvolveu no anime, sendo inegável que ela passou a ser mais sociável, mais amável e mais fofa a cada episódio.
 
 
Yusuke Nisaka – Esse aqui foi o melhor protagonista masculino do anime, sim, superior ao Yukari com certeza. Sua personalidade era bem legal, com direito a ótimas falas como “Vejo que ela é uma virgem” dita para Ririna, entre outras. Esse personagem pode gerar certo preconceito com o público masculino pelo fato dele gostar do personagem principal, o que eu acredito ser uma injustiça com o Nisaka que também proporciona momentos legais a Koi to Uso.
 
Não achei os outros personagens tão legais assim e por isso não darei destaque a eles aqui.
 
Um dos pontos mais positivos da animação japonesa com certeza foi sua trilha sonora, que não decepcionou em nenhum quesito, com destaque para a abertura que foi uma das melhores da temporada de Verão 2017. A canção da opening se chama Kanashii Ureshii e é cantada pela banda Frederic. Ela combina uma ótima música dançante, alegre e triste ao mesmo tempo, com imagens representando um pouco do drama presente na série, com destaque para o fio do destino, que possui uma grande simbologia com a história contada no anime.
 
No geral Koi to Uso foi uma série diferente do nosso habitual só que com um final que a gente já está acostumado. Ele possui vários momentos marcantes que posso citar como: A ocasião que todos os personagens dão as mãos e olham para os vagalumes na floresta, aquela cena foi muito legal e merece destaque aqui, pois me lembrou outro anime especial que por sinal também é um Drama, Shigatsu Wa Kimi no Uso.
 
Bom pessoal essas são minhas impressões gerais sobre esse anime que marcou profundamente essa temporada, espero que vocês não tenham ficado bravos com alguma coisa que falei e quero ressaltar que são minhas opiniões. Então é isso e até mais.
 
 
Comentários do Saylon Kaguya (parte 01)
 
Só posso concordar com o Neto-kun. Muito do que ele diz aqui foi sem dúvida absorvido não só por mim, mas por outros que viram a trama. A escolha de Ririna como a melhor personagem é acertadíssima. Por muitas vezes até chegamos a falar disso nos bastidores. Principalmente eu e o Kurama-gil. A Ririna não chega a ser uma  yamato nadeshiko, mas é uma best girl perfeita. Quase tsundere, mas não é uma por completo. Ririna pode ser considerada com facilidade a melhor personagem de shoujo e slice of life de 2017.
 
Quanto aos demais personagens… Com toda certeza deve ter sido inusitado vermos o Nisaka beijando o Yukari (isso ficou subentendido, assim como o fato de que ele é gay). Ao que parece seus familiares sabem disso também, mas infelizmente o animê não pode se aprofundar. Um arco sobre essa temática com certeza além de polêmico ia ser rico em ação e diálogos.
 
Já a Takasaki Misaki… É lindo o amor dela pelo Yukari – ao ponto de ser meio prejudicial para ela mesma em seus conflitos internos – , mas isso por se si não faz dela uma personagem cativante. Talvez o número de vezes que o Yukari repetia o nome dela tenha nos feito odiá-la. Takasaki virou um objeto de culto e isso para um relacionamento não é saudável e sim desgastante. O Kurama tem o que falar sobre isso.
 
 
Comentários do Kurama-gil
 
Antes de qualquer coisa quero compartilhar com vocês que eu não era muito fã do gênero shoujo, porém Koi To Uso, me fez mudar meu modo de pensar, pois não precisa de alguém batendo em outra pessoa para as coisas ficarem interessantes, algo mais profundo também consegue nos prender a atenção. 
 
O mundo que funciona com casamentos arranjados, onde os casais são formados a partir de cálculos feito ao longo da vida da criança e aí ao completar 16 anos recebem uma “notificação” com os dados da companheira(o). Bom, como números não mentem seria uma ideia brilhante esse método, porém algo não estava nos cálculos, o fato de que uma pessoa se apaixonar por outra e ao longo do tempo surge algo perigoso e complicado que se chama amor. 
 
Amor meus queridos é um sentimento, ao contrário de paixão que é uma emoção. Amor é um sentimento de carinho e demonstração de afeto que se desenvolve entre seres que possuem a capacidade de o demonstrar. Esse pequeno sentimento meus amigos é a grande problemática do animê.
 
Koi to Uso começou interessante, seu desenrolar foi em suma devagar, um tal de “Será que eu amo?” “Eu amo a fulaninha A ou B?” “Eu amo as duas?”. Essa falta de resposta transformou muitos episódios em um grande vai e volta. O final da temporada na minha opinião foi fraco e com um leque enorme de possibilidades para a segunda temporada. E isso que me fez amar a história para saber se o Yukari Nejima vai ficar com a delicada Ririna, onde está se desenvolvendo um forte amor ao longo do tempo, ou seu amor de infância Takasaki. O legal é que podemos ver duas vertentes do amor, uma onde é aquele amor de infância, nosso primeiro amor, e outra é o amor que surge com a convivência, o conhecimento da outra pessoa e entre todos os problemas o amor vai crescendo cada vez mais.
 
Uma nota 8 seria mais que suficiente para a primeira temporada inteira, mas isso lógico é na minha opinião. Tendo Koi To Uso como primeira experiência de shoujo. 
 

Comentários do Saylon Kaguya (parte 02)

É como eu disse lá no início da matéria. O cerne da trama são dois tipos de amor. Um mais mecânico, promovido por uma força externa, e um mais pessoal, onde o desejo é quem impera. Em ambos os casos é o ser apaixonado que deve escolher para qual dos dois vai se dedicar. Esse é o problema de Yukari Nejima. O akai ito dele além de confuso e enrolado tem muitos ramos soltos. Está certo que paixão é o que nos move, mas é o amor que define quem somos. 

Como ressaltou o Neto-kun ao falar da música Kanashii Ureshii eu volto a falar: a canção representa de fato os problemas psicológicos de um adolescente e é Yukari Nejima um esteriótipo desse tipo de jovem (em especial o japonês, é claro), que chega em um determinado momento da vida que deve saber quando acaba a infância e se torna um adulto. O colapso do protagonista diante das duas meninas em sua vida é uma metáfora para ilustrar o coração humano nesse momento turbulento que é o fim da infância e da juventude e o início de uma vida adulta onde as decisões devem ser mais racionais que emocionais.

Esse foram nossos dois centavos sobre o animê. Para encerrar fique com o clipe da banda Frederic cantado Kanashii Ureshii o tema de abertura de Koi to Uso. Até a próxima e… Sayonara!