Yo minna-san!

De volta com mais uma Hikari para vocês! Março foi mês de volta às aulas na faculdade, então se sentiram muito a minha falta peço que me perdoem! Mais eu sei que não sentiram! Até porque uma equipe de ótimos redatores esteve com vocês por todo esse tempo. Ninguém esteve solitário! Mas vou compensar meu tempo com um texto maravilhoso. O que acham? Eu também adorei a ideia!

Lendo para minha monografia (que um dia publicarei aqui!) encontrei um texto muito legal. Ainda não é "Otaku: Filho do Virtual" do jornalista francês Etienne Barral, mas tem tudo o que se possa imaginar sobre o assunto. Hikari hoje entra no modo ciência e traz para reflexão a pergunta: Como surgiu o termo Otaku?

Essa pergunta será respondida através da leitura do artigo  de Yuji Gushiken e Tatiane Hirata intitulado:

"Processos de consumo cultural e midiático: Imagem dos 'Otakus' do Japão ao Mundo".

O meu objeto de pesquisa na faculdade é a relação consumidor/produtor dentro do nosso ambiente virtual otaku, mas não vou abordar isso aqui. O que quero destacar é um pouco da construção dessa terminologia, que é um fenômeno, símbolo cultural e personagem midiático: o Otaku.

(Tidos como antissociais, o Otaku na verdade é o supra-sumo do viver a pós-modernidade.

Ele sorri e se apaixona como qualquer um!)

No levantamento feito pelos pesquisadores eles apresentam:

"(…) o novo grupo a que se passou a chamar de otaku, resulta de uma combinação entre a prosperidade econômica do Japão no pós-guerra, a relação intensa entre consumo e tecnologias midiáticas e o apelo das referências visuais dos mangás (história em quadrinhos) e dos animes (filme de animação)."

[GUSHIKEN e HIRATA, 2014, p.136]

Dessa forma seríamos, já nos instituindo nesse contexto, o fruto das relações sociais e de processos técnico-científicos, que buscam refúgio ou contentamento em produtos derivados da construção do tempo presente. Ou seja: encontramos diversão naquilo que de mais atual e detalhado no que tange à mídia. Nossa tutota e mestra.

Um ótimo recorte feito no artigo é o de que embora esse seja o otaku (de forma genérica e global) o termo não possui somente esta conotação.

Em um levantamento da história descobri-se que otaku (dá origem da palavra) quer dizer "vossa casa", uma espécie de pronome do nipônico mais arcaico. Devido a essa referência, otaku passou a ser atribuído às pessoas que passavam muito tempo em casa. Os ditos antissociais (NEETs – não estuda, estagia ou trabalha) e (Hikikomoris – como é atribuído a quem não se relaciona na sociedade japonesa). Quem lembrou de Sora e Shiro de No Game, No Life?

Mas, é graças a Akio Nakamori, que somos apresentados ao mundo como um grupo social/cultual. O japa usa o termo em 1983 em um artigo para a revista Mangá Burikko (conteúdo erótico). O texto "A cidade está cheia de Otakus" fala de uma comunidade que se reúne para troca de informações e comércio de produtos voltados para seus mangás e animes favoritos. Isso te lembra algo?

(Não é uma prática exclusiva dos Otakus, mas foi graças a eles que o Cosplay se difundiu pelo mundo.)

(O World Cosplay Summit – em Tóquio – é a prova concreta disso!)

Essa construção social foi abalada por dois graves crimes registrados na terra do sol nascente. Em 1987, Tsutomu Miyazaki sequestrou, matou mutilou cometeu necrofilia e canibalismo com quatro meninas entre 4 a 7 anos em Saitama (região metropolitana de Tóquio).Preso somente dois anos após os crimes, foi descoberto que Tsutomu era um colecionador de mangás. Aquilo foi atribuído ao lado perverso do maníaco. Em 1995, Shoko Asahara e mais 13 seguidores, influenciados por uma visão torpe do budismo, provocaram um atentado ao metrô de Tóquio. Para variar, todos eram otakus. Isso manchou a imagem do grupo social na mídia nipônica. Foi somente graças ao advento da cultura pop japonesa em países asiáticos, europeus e nas Américas que essa visão não se tornou absoluta.

Símbolo do ser otaku mundial, o Brasil contribui com a renovação da boa imagem da comunidade no planeta.

"No Brasil, o termo Otaku passou a designar os fãs de cultura pop japonesa, mas com características de uma juventude em busca de trocas de informações e de novos modos de sociabilidade na vida urbana."

[GUSHIKEN e HIRATA, 2014, p.133]

Esse é o cenário em que se contextualiza o Otaku no Brasil. Em resposta a nossa questão inicial, o otaku é aquele personagem da sociedade mundial ávido por propagar e manter firme as suas paixões por produtos e narrativas, em especial o que é voltado à cultura pop japonesa. É um ser que interage a partir de uma prática de entretenimento com outros iguais que são diferentes.

(Cheios de diferenças os Otakus mostram que na verdade são um grupo unido e alegre!)

Nós já falamos aqui sobre a TV brasileira e os animes. Espero que tenham se interessado em saber mais sobre a nossa origem: a origem do otaku. E então, sabendo disso você se considera um Otaku?

Até mais!

REFERÊNCIA

GUSHIKEN, Yuji e HIRATA, Tatiane. Processos de Consumo Cultural e Midiático: Imagem dos 'Otakus' do Japão ao Mundo. Itercom – RBCC. São Paulo, v.37, n.2, p.133-152, jul/dez 2014.