por Saylon Kaguya com colaboração de Kenny MD
 
"Valeu Paizão!" é nas palavras da Dj Ainarie (The Face of Voive) que todos na Rádio J-Hero e no Brasil inteiro agradeceram no últmino dia 1º de setembro o radialista Eduardo Miranda, ex-diretor de Cinema da extinta Rede Manchete, por ter intervido e contribuído para a criação de uma das maiores fanbases otaku no mundo.
 
Numa noite especial de 1° de setembro os otakus celebraram os 22 anos da estreia de Os Cavaleiros do Zodíaco na TV Brasileira em um especial de duas horas comandado pelo DJ Ichinose (Overdose Geek) e também a participação de do DJ Edward (Miojo com Shoujo). Os três foram os responsáveis por um Free Time das 22h-00h com o homem que foi condecorado com a alcunha de "Pai dos Animes no Brasil", daí as palavras de abertura desta matéria.
 
Em um bate-papo descontraído (com direito à muitas risadas) Eduardo Miranda respondeu um turbilhão de perguntas vindas dos ouvintes, dos apresentadores e da Redação J-Hero sobre sua relação com o anime inspirado na obra de Masami Kurumada e com o universo otaku de modo geral.
 
Essa edição da Cápsula J-Hero traz agora um destaque com os melhores momentos desse programa especial para quem perdeu ou quer relembrar.
 
Começamos destacando a pauta da noite que foi o aniversário de 22 anos de CDZ em terras tupiniquins. No dia 01 de setembro de 1994 estreou às 18h na extinta Rede Manchete do Grupo Gloch uma série de animação japonesa que mudou o modo como o público brasileiro de TV enxergava as "sessões animadas". A TV Manchete vivia um momento de crise, mesmo sendo uma das grandes emissoras da época, e precisava de algo realmente bom para emplacar e brigar pela audiência com as concorrentes Globo e SBT.
 
 
No que se trata de produção audiovisual japonesa o canal já tinha uma certa tradição com alguns tokusatsus, mas faltava o algo a mais. Foi onde Eduardo Miranda, então diretor de Cinema da emissora, recebeu a proposta ousada de exibir um anime apresentado por um licenciador louco de vontade de comercializar seus produtos por aqui. Eduardo sempre lembra que é um trabalho difícil decidir o que vai ou não ao ar e achou melhor ver do que se tratava Os Cavaleiros do Zodíaco
 
Purista, como ele mesmo faz questão em dizer ao longo da entrevista, Eduardo Miranda destaca os motivos que o levaram a decidir apostar em CDZ:
 
"(…) era uma coisa que falava de amizade, de heróis mitológicos… foi bem legal poder dar o parecer artístico consciente para que a emissora abraçasse a ideia e confiasse. Agora lembrando que não foi nada fácil. A minha cabeça estava em jogo! Se Cavaleiros não desse certo a história teria sido bem diferente, Mas graças a Deus fãs maravilhosos como vocês fizeram de Cavaleiros – e fazem – o sucesso que ele é".
 
Sobre o movimento otaku no Brasil, Eduardo Miranda destaca surpreso sobre como a programação da TV Manchete se desmembrou em tantos nuances na web e fora dela:
 
"As vezes eu fico olhando umas coisas que são frutos diretamente da programação de Cavaleiros e eu fico impressionado como isso se enraizou, criou ouvintes [se referindo à rádio J-Hero], possibilidades. Mesmo no mundo da dublagem, como os dubladores passaram a ser celebridades, os conjuntos musicais e os programas, os eventos – essa multiplicação de eventos que tem pelo Brasil a fora – eu fico muito orgulhoso em ver que de uma certa forma o meu trabalho influenciou isso."
 
Ao responder algumas perguntas mais suaves Eduardo brincou e riu muito na companhia de nossos DJs. Ao ser questionado pelo DJ RX (que estava como ouvinte ontem) sobre qual personagem de tokusatsu tinha vontade de ser, Eduardo Miranda não hesitou em dizer Kamen Rider RX, que ele diz amar a mística em volta do enredo e do próprio personagem. A surpresa fica quando o DJ Ichinose faz a mesma pergunta, mas para o universo dos animes.
 
"De anime eu seria com certeza Yusuke Urameshi (risos) me identifico muito com o Yusuke, acho ele danado (…) ele é carioca e não paulista [brincou ele com o fato de ser carioca] por isso dei preferência para que a dublagem fosse daqui do Rio de Janeiro, cheia de gíria. Ele é muito bem concebido".
 
Sobre ainda continuar trabalhando e assistindo animes Eduardo é categórico:
 
"Eu não paro! Até porque isso faz parte dessa parte de consultoria que eu faço. Tem que estar sempre atualizado, saber o que está rolando de bom só que infelizmente para TV aberta está sendo difícil porque ela não está mais exibindo já que a programação infantil foi muito reduzida."
 
Sobre o título recebido de o "Pai dos Animes no Brasil" Eduardo Miranda se diz muito feliz e honrado:
 
"Pra mim esse título é muito mais do que qualquer salário, qualquer dinheiro que eu possa ter recebido. Ele é… sei lá! É difícil pra mim descrever o que é receber um título como esse. Claro, não vou ser o falso modesto e dizer que não o mereço. Claro,  tudo graças aquela outra rádio que me concedeu esse título há muito tempo e agradeço muito a eles porque foi ali que se tornou viral, se tornou uma coisa que um foi falando pra outro e de repente eu olhei no Google e meu nome estava ligado a esse título… Eu sou muito grato a isso."
 
Questionado sobre o fato de alguns do movimento otaku desejarem a criação de um canal só para animes, Eduardo Miranda dá seu posicionamento como conhecedor de Mídia e diz que n]ao vê a possibilidade de algo do tipo acontecer ainda mais com o momento dos canais de streaming. Ele diz também que as diferenças culturais ainda são um empecilho:
 
"Eu esbarro ainda com um problema em relação a animes e tokusatsus que é como o oriental pensa e como o ocidental pensa. Essas dias linguagens geralmente batem de frente. Existem coisas que até hoje o oriental e o ocidental não se entendem (…) Lá são produtores que estão fazendo produtos para serem vendidos para o mundo. Seria a mesma coisa se fizéssemos algo falando de samba e pagode, funk e quisesse que o Japão comprasse. De repente alguns iam gostar e outros não se identificariam com isso".
 
Ao longo da conversa Eduardo revelou várias coisa sobre sua vida profissional e destacou a gratidão que tem pelo público otaku de todo o Brasil. A Rádio J-Hero é que tem que agradecer ao Eduardo Miranda por sua genialidade e pela entrevista.
 
Para você que quer curtir um pouco mais sobre CDZ e as histórias de Eduardo Miranda nós encerramos essa matéria indicando o web documentário "A Força do Pégaso no Brasil" onde ele conta muitas outras situações, clique aqui para vê-lo e escute novamente a entrevista aqui.
 
 
Obrigado Eduardo!!!