Para tornar sua leitura ainda mais divertida, esta matéria foi produzida seguindo os padrões de um fórum. Cada colaborador é identificado pelos seguintes avatares: Gomamon (Musa-sama); WereGarurumon (KennyMD); MetalSeadramon (Saylon Kaguya); e Kazemon (Fany-chan). Esta é uma contribuição especial em homenagem ao retorno dessa série que amamo. Divirta-se!

Por: Musa-sama , KennyMDSaylon Kaguya e Fany-chan

Esta matéria poderia ser simplificada com apenas uma frase. Em Digimon Tamers, após a família de  Ruki descobrir sobre os digimons, Renamon junta-se a um jantar de família e a mãe de Ruki questiona:  – “Renamon, você é mulher, não é Renamon?”; A qual Renamon responde: – “Originalmente nenhum  digimon tem sexo”.

 

Confira o trecho citado abaixo:

Porém, se nenhum digimon tem sexo, por que a mãe de Ruki insiste que Renamon é mulher? E por que Renamon não responde? Talvez não responda por não entender os conceitos humanos de sexo e gênero, ou talvez não quisesse contradizer a família de sua mestra. É sobre esta pequena polêmica ao redor da vida íntima dos Digimons que queremos desmistificar. Afinal Digimons se relacionam um com os outros? Seja bem vindo ao primeiríssimo: Cápsula J-Hero!

 Afinal, o que é sexo e o que é gênero? Bom, pode não parecer, mas é algo confuso quando começa a se  estudar, há vários tipos de gêneros e não se relacionam diretamente com o sexo. Em Digimon, os próprios  monstrinhos não possuem sexo, pois não são seres biológicos.

 O que define o seu sexo é a condição biológica e anatômica dos mamíferos, por exemplo: mulher do sexo  feminino e o gênero é a sua afirmação social, como por exemplo um transgênero (que será explicado mais  a frente).

 Já que eles não possuem essa característica, então apenas lhes restam os gêneros e há tantos gêneros  assim? A resposta é sim, no Facebook norte-americano temos a variedade de 50 gêneros diferentes, mas calma… Não irei fazer uma lista dessas aqui, ficarei em torno de 4 principais.

Cisgênero:

Um cisgênero é uma pessoa que reafirma o seu sexo através de sua condição social, é o mais comum dentro da sociedade atual ele reafirma tudo isso através de seu comportamento e vestimenta, por exemplo, um homem do sexo masculino se veste com roupas masculinas e age como tal dentro da sociedade.

Transgênero:

É uma pessoa que diante da sociedade inverte sua condição original, é uma pessoa que se considera do gênero oposto, como por exemplo, um homem de sexo masculino que gosta de se vestir e agir como mulher ou uma mulher do sexo feminino de se vestir e agir como homem.

Bigênero:

Talvez o mais fácil de entender, pois é quando o sujeito se considera dos dois gêneros, tanto masculino quanto feminino. Ele se veste e se comporta de acordo como ele se sente naquele dia, como por exemplo: uma mulher que em um dia se veste e se comporta como mulher, mas em outro se comporta e se veste como homem.

Agênero:

Essa pessoa não possui o conceito ou não se considera de nenhum gênero, ele foge totalmente do padrão da dicotomia da nossa sociedade, pessoas sem gêneros preferem ser chamadas de indivíduos.

Dado essas explicações sobre gêneros, poderemos explanar as nossas ideias sobre alguns Digimons e seus respectivos gêneros.

 O que mais me surpreende nisso tudo é a confusão entre gênero e sexo e o que isso causa, em todas as  minhas matérias, busco fazer uma pesquisa prévia de campo na internet, para entender o que os leitores  e outros escritores pensam sobre determinado assunto, e não foram poucos conteúdos que encontrei o  quais desinformam ao invés de explicar algo tão simples!

Muitos em tons de brincadeira, gozação  mesmo, chamando de shemale citam vários digimons que inicialmente são chamados de “o” ou “a” e  depois tem os gêneros mudados devido a transformações posteriores. Exemplos são Patamon e  Tailmon.

Acredito que esta confusão se inicie a partir do momento que os dubladores e seiyuus assumem o gênero masculino para tratar inicialmente qualquer personagem, isso é algo bem comum se reparar, e que também fazemos, ao começar a conhecer o personagem e verificar similaridades com o gênero feminino, assumem que se trata de uma “mulher” e alteram o pronome e as expressões de tratamento. O mesmo pode acontecer ao inverso, porém é mais raro.

Hawkmon – Qual o seu gênero?

Durante toda a temporada de Digimon Adventure 02, Hawkmon é tratado como um sábio cavalheiro do gênero masculino, porém dois pontos, deixam esta teoria “suspeita”, a primeira está no fato da fusão de DNA ser feito com a Tailmon, que a princípio trata-se de um digimon do gênero feminino, é a única fusão de DNA feita com gêneros diferentes. Outro ponto e o que deixa mais claro ainda uma falha na ideia de que Hawkmon é “homem”, seria o seguinte:

No episódio 12 chamado “Bang Bang no Oeste Digimon” quando os digiescolhidos são presos, Revolvermon solta apenas as garotas, por Hawkmon sair junto, criou-se a teoria de que talvez ele fosse do gênero feminino.

Talvez um olhar apressado tenha essa ideia, porém acompanhando o episódio com mais calma, nota-se que ambos, Piyomon e Hawkmon, questionam: – “E a gente?” dando a entender que em nenhum momento Revolvermon considerou ambos como “garotas”, já que Digimons não possuem sexo.

Se ambos saíram com Sora e Yolei é porque são os parceiros das garotas, não por serem garotas!

Você pode conferir por si mesmo abaixo, a partir dos 12 minutos do episódio:

Angemon – O que é, e como se define?

 O caso Angemon. Bom, antes de tudo é bom esclarecer que foi devido a este caso em questão que todo  este texto começou a ser escrito. No brainstorm, este assunto acabou se destacando e deu o pontapé para o  debate que se iniciou nas linhas acima.

 A pergunta que causou a grande comoção mesmo foi essa: "Se Angemon não tem sexo, então ele é  transgênero?". Se você já sabe um pouco mais sobre os diversos tipos de gêneros, então é capaz de encontrar os buracos nesse questionamento.

A palavra transgênero é um conceito que se refere ao grupo diversificado da sociedade que possui problemas quanto a sua identificação através de comportamentos tanto papéis sociais quanto ao que tange as características sexuais biológicas determinadas em seu nascimento. Em linhas gerais: nascer com um sexo, mas sentir e agir como se pertencesse a outro.

Já sabemos que para os digimons isso não é um problema. São dados. Dados não possuem limitadores biológicos. O máximo que se pode dizer a respeito disso é que a estrutura de informações virtuais e o design são as únicas características que, para nós humanos, remetem a noção de sexualidade.

 Angemon é considerado um dos Digimons mais fortes das duas primeiras temporadas de Digimon, ele  aparece no 13º episódio no duelo final contra Devimon, fiel companheiro do Takeru (TK aqui no Brasil) e  digi-evolução Champion de Patamon.

 E apesar de ter uma aparência masculina, Angemon é um pouco ambíguo, pois no episódio em que  aparece, ele não se define como cisgênero ou como transgênero, ele apenas se anuncia como Angemon   e no próprio nome do episódio fica confuso, pois o nome do episódio é “Um anjo contra um demônio”.

 Devido a erros grotescos de dublagens temos também  a ideia, por muitas vezes, que Patamon (sua forma  roockie) é uma "menina" (ou detém essas características), mas acaba evoluindo em um "menino" (o que fica  explícito, após conhecermos Angewomon).

A existência de um anjo digimon com elementos femininos e  outro com elementos masculinos poderia colocar em xeque a afirmação inicial deste artigo, onde Renamon   explica não haver sexo para as espécies de digimons.

Melhor é aceitar que Yggdrasill – o computador que governa o digimundo – descartou essa função de seus projetos devido a uma incompatibilidade ou excesso de metadados a serem colocados nos diginúcleos. Aceitemos então que Angemon e Angewomon são na verdade espectros de outras finalidade existentes nos digicódigos: a materialização de personalidades. É nítido que entre o masculino e o feminino, sentimentos, atitudes e reações ganham valores diferenciados (lógico que até mesmo na vida real essa máxima é cheia de exceções).

Assim como existem digimons que se opõem a outros quanto ao caráter (Angemon x Devimon é um exemplo já que um é o inverso do outro), existem também os que diferenciam as tendências pessoais (Angemon seria um promovedor de justiça e de compaixão, enquanto Angewomon de amor e altivez).

 

Então, qual gênero Angemon se adequa melhor?  Creio que como agênero, pois ele se afirma como  entidade divina que veio para eliminar o mal (no caso Devimon).

 

 

 Nas mitologias mundo afora os anjos muitas vezes são apresentados como seres assexuados, então não há  porque divagarmos tanto sobre esta questão. O único fato que realmente é válido é que Angemon e  Angewomon são um casal perfeito.

 E por falar em casal… Este assunto puxa um outro que muito tem a ver com o tema: Digimons amam? Ao  longo de vários episódios temos certeza de que a amizade nutrida entre digimons e digiescolhidos é uma das formas de amor mais bonitas entre si. Mas e entre eles?

A dupla polêmica Ruki e Renamon voltam ao palco de novo. Isso porque por muitas vezes a Tamer afirma que digimons são feitos apenas para batalhar. Difícil discordar, pois cenas diversas mostram que o instinto de combate é indeferível nestes seres digitais. Que o diga Leomon e Ogremon. Mesmo se tornando amigos a essência do digicódigo faz deles eternos rivais.

Mas se for assim existe espaço para sensações mais ousadas como a paixão?

A uma "case" em particular que mostra que sim, mas antes deixe-me mostrar primeiro que noção os digimons tem sobre o que é este sentimentos conhecido como paixão. Em Digimon Adventure 02, quando Daisuke (Davis) e Takeru (T.K.) vão resgatar Hikari (Kari) nos domínios do Imperador Digimon, eles precisam entrar em uma cidade protegida por um domo. Como do lado de fora não há existência de um Torre Negra, Patamon propõe uma evolução normal, alcança a forma Champion, Angemon, sem problemas libertando assim o Guardromon, que fazia a vigília, dos poderes do anel negro.

Daisuke se impressiona e pergunta a Takeru se Tailmon – digimon de Hikari por quem ele é apaixonado – também digivolve sem a necessidade do Digimental (DigiOvo). Patamon – malandro que só ele – se adianta e responde confirmando a pergunta e esclarecendo a respeito de Angewomon.

Para finalizar, ele diz pretensioso: "Fomos feitos um para o outro". Na versão dublada PT-BR apenas um "Formamos uma bela dupla" esconde a malícia de Patamon, que embora não sinta nada de especial pela companheira digimon, sabe dos sentimentos de Daisuke. Quem provoca ciúmes tem pleno conhecimento do que é paixão.

Reveja a cena com o áudio original e legenda em inglês:

 

E os anjos digimons parecem ser bem esclarecidos quanto a isso.

E os digimons do Frontier?

 Talvez a única “saga” em que podemos afirmar com mais certeza que tal Digimon é do gênero feminino ou  masculino seja Digimon Frontier, onde os próprios Digiescolhidos se tornam os seres digitais.

Mas isso fica  restrito somente aos escolhidos e, ainda sim, ficam algumas dúvidas.

Como o Bokomon, que durante todo o anime possui aparência masculina, porém no episodio 14 “Um Desafio Desesperado” ele pede à Zoe que lhe entregue o digitama de Seraphymon para chocá-lo, o que é uma característica geralmente das aves fêmeas, e quando o trem que eles estão sofre algumas turbulências ele ainda fala “Tudo bem a mamãe está aqui”.

Veja a cena nos primeiros minutos (2:37 mais precisamente) deste vídeo:

No caso do Bokomon, acredito que ele seja bigênero, pois em determinados momentos ele se afirma como do gênero masculino por que tal exige isso dele e em outros, como o citado acima, ele se afirma como feminino pelo mesmo motivo.

 Quanto ao case, Seraphymon, Ophanimon e Cherubimon formaram nesta quarta temporada da franquia o  triângulo amoroso mais badalado de todo o digimundo.

 Responsáveis por zelar pela harmonia entre humanos e feras (uma definição de gênero mais precisa  existente entre os seres digitais) veem tudo desabar quando por ciúmes e falta de confiança, Cherubimon   se deixa controlar pela força das trevas e propõe guerra a seus companheiros. Ele rapta Ophanimon – sua grande paixão – e aprisiona Seraphymon.

Com a chegada dos digiescolhidos, ele, não contente, bola um plano que acaba por destruir seu rival no amor (sim, Ophanimon era apaixonada por Seraphymon), que por sua vez acaba renascendo e sem forças fica no estágio roockie como um simples Patamon.

Para salvar a companheira (e de quebra o digimundo) o anjo e os digiescolhidos combatem mais uma vez o anjo fera corrompido. Na eminência de uma derrota, Ophanimon consegue se libertar e faz a maior sacanagem que o digimundo presenciou: brinca com os sentimentos da pessoa que a ama (que coisa feia!).

Seduzindo o ingênuo e apaixonado Cherubimon ela recupera os digivices e deixa claro ao "amigo" que mesmo ele sendo nobre e galante não é com ele que ela sonha todas as noites.

O final é trágico como em peças shekaspearianas, ou pelo menos poderia ser, se no fim os digiescolhidos não salvassem o digimundo da ameaça do mal. Contudo isso provou para mostrar que digimons sentem atração, digamos que "sexual", entre si. E que esse sentimento vai muito além de um reconhecimento ou adoração ao outro.

Reveja a cena exibida no episódio "A Libertação de Ophanimon":

Pode ter parecido que se fugiu um pouco do tema principal mas não se engane: a questão de gêneros no digimundo não os torna autômatos. Eles tem sentimentos e paixões independente de ser masculino, feminino, singular ou plural.

 

Eles formam famílias, reúnem-se em pequenas casas e vivem em sociedade, compartilhando o pão, as  alegrias e frustrações, se isso não define que amor não tem sexo ou gênero, eu não sei mais o que  define!

 

Bom, chegou ao fim a primeira matéria da coluna Cápsula J-Hero e terá mais por aí. Podem ficar esperando, pois serão matérias aleatórias em dias aleatórios.

Traremos discussões sobre quaisquer assuntos que sejam do seu interesse, como também entrevistas com pessoas interessantes, se tiver algum tema interessante fale conosco que em breve estará aqui!

Sayonara!